Assunção é carente em turismo, mas pode até ser interessante

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Assunção é carente em turismo, mas pode até ser interessante

por Jaqueline Furrier
colaboração de Merillyn Reis

Um final de semana em Assunção foi visto por muitos dos meus amigos como um desafio maior do que voar de MIG ou escalar o Kilimanjaro. Todos com quem eu comentei que iria para lá me questionaram como se o nosso vizinho Paraguai fosse uma das regiões mais inóspitas ou menos atraentes do planeta.

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Eu fui com o espírito aberto e, como diz meu marido, porque sou uma abelhuda curiosa, mas tenho que confessar que de fato não é um país preparado para o turismo. Isso se dá por conta de uma soma de poucos atrativos e falta de recursos.

De fato fica difícil sugerir férias por lá e mesmo um final de semana na capital pode ser sem graça se estiver em busca de fortes emoções. No entanto, se como eu for curioso e tiver rodinhas no pé, talvez valha a pena vencer o preconceito e dar uma chance à cidade, nem que seja para dizer que não gostou.

O povo é hospitaleiro e os preços em geral módicos. Pode-se pagar tudo em dólar. Aliás, em todos os restaurantes que fomos a conta veio com opção de ser paga em guarani, dólar ou euro. Troque somente o necessário e mesmo assim na agência de câmbio do aeroporto que fica depois do desembarque. A que fica no local das esteiras das malas tem mais de 10% de variação da outra que fica logo após a porta de saída, ainda dentro do saguão.

São somente 1:40 de voo. TAM e GOL voam diretamente para Assunção por preços muito convidativos ou quase nada de milhas. No início de outubro, a GOL oferecia voos de ida e volta por R$ 261,00. Eu e meu marido fomos e voltamos com passagens emitidas por milhas. Para melhor aproveitar o final de semana, fomos no voo da GOL da sexta-feira, às 12:50, por 10 mil milhas, e voltamos no voo da TAM, de domingo às 19:30, que nos custou somente 8 mil milhas.

A cidade tem poucos hotéis de primeira linha, mas os três principais (Sheraton, Bourbon e La Mision) me pareceram, pelo site, muito bons.

Eu havia reservado primeiramente o Sheraton, mas depois de conversar com um amigo, cujo irmão é diplomata e mora na cidade, mudei a reserva para o La Mision, um hotel boutique de 36 apartamentos, localizado no centro novo da cidade, onde estão os centros financeiro e de compras. As reservas foram feitas pelo Booking.

O La Mision é bem montado, os quartos são grandes e muito confortáveis. A decoração da área social é clássica e os quartos são em estilo provençal. Fica em frente ao Shopping Mariscal Lopéz e é equipado com sala de ginástica, sauna e uma piscina na cobertura. No entanto, o bar da cobertura estava fechado e a área, apesar do calor de 29°C, estava vazia. O café da manhã é variado, com um bom serviço, mas achei todos os produtos pouco refinados para o que o se hotel propõe a ser.

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O único ponto negativo do hotel que me incomodou, e muito, foi a oferta de serviço turístico que além de ser incipiente tinha um preço indecente. Dei sorte porque percebi rapidamente e só cai no “conto do city tour”. Tenho que confessar, contudo, que tive dificuldade de planejar bem a viagem por falta de tempo e também de material disponível e, por isso, algumas coisas não correram da melhor maneira. Espero que este post possa ser útil para quem se aventurar pela capital do Paraguai e seu entorno.

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O que mais nos impressionou na viagem é que a Guerra do Paraguai, embora tenha acontecido há mais de 150 anos (de 1864 a 1870), ainda é muito presente na memória coletiva do povo. Com todos com quem falamos em algum ponto da conversa trouxeram o assunto a tona.

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A guerra dissipou 80% da sua população, sendo a grande maioria de homens, e o sofrimento da população ainda paira sobre os paraguaios contemporâneos. A cidade de Assunção, que foi o primeiro povoamento permanente na região do Rio da Prata (1541), tem em seu centro antigo a sua memória histórica.

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A Catedral, situada de frente para a Praça da Independência, dedicada a Nossa Senhora de Asuncion, data de meados do século XVI e tem um bonito retábulo colonial, em madeira.

Visitar a catedral, contudo, depende de sorte ou de estar com um guia turístico. A igreja não tem horário regular para visitação turística e só abre meia hora antes das missas. Portanto, programe-se. Nós demos sorte, pois durante o city tour, comprado com o hotel, vimos que a porta estava aberta e entramos. Foi, então, que percebi que era um acaso e que a igreja tinha sido aberta para um grupo de brasileiros de Corumbá, acompanhado de um guia.

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Nesse momento, eu percebi que o city tour do hotel, que na verdade era um carro de luxo conduzido por uma pessoa da recepção, era uma fria. Tinha pagado USD 130 e a pessoa não era guia credenciado e nem sabia os horários de visitação das poucas atrações turísticas que a cidade oferece.

Visitamos a igreja com o grupo de Corumbá e no final interpelei o guia sobre a programação para o El Circuito de Oro (veja abaixo) que pretendíamos fazer no dia seguinte. Mais uma vez a sorte nos ajudou e o guia, muito solícito, me colocou em contato com a agência Martin Molinas (travelservice@internet personal.com.py), que nos pediu USD 170 para fazermos o referido tour, acompanhados de um guia credenciado. O hotel tinha nos pedido USD 400 pelo mesmo passeio com o guia/recepcionista.

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Em outro lado da Praça da Independência está o antigo Cabildo (Câmara dos Deputados), hoje um pequeno museu chamado Centro Cultural de La Republica. O lugar tem cada uma de suas salas dedicada a um assunto (música, arte em barro, arte sacra) e duas para exposições temporárias. Está aberto todos os dias da semana, algo raro na cidade.

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Mais adiante, na Av. Paraguay Independente, está localizado o Palácio do Governo ou Palácio de Los Lopez, que por ser a sede da presidência não se visita internamente. A construção de meados do século IXX é bonita e ao menos o seu exterior está muito bem preservado.

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Logo em frente está o Centro Cultural Manzana de La Riviera, que é formado com a junção de nove casas de diversas épocas (do século XVII ao XX). O local abriga exposições permanentes e temporárias e é um dos poucos pontos turísticos aberto aos domingos.

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Toda essa parte histórica se situa numa área próxima ao Rio Paraguai. Em outra parte mais alta, ainda central, encontram-se construções de diversas épocas, algumas bem preservadas, mas a maioria em condições bem precárias.

A Casa da Independência, imóvel colonial onde se reuniam os heróis que planejaram a independência do país, também fica nessa área. Hoje é um pequeno museu decorado com móveis dessa época tem como proposta contar essa história. Abre de segunda a sexta, das 8:00 às 18:00, e aos sábados, das 8:00 às 13:00.

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Também na área central está localizada a primeira estação ferroviária da América do Sul, que hoje funciona com Museu Ferroviário Histórico de Assunção. É simpático visitar a antiga locomotiva, um vagão normal e outro privativo do Presidente Stroessner, mas o restante das peças da época áurea da estação está em péssimas condições de preservação. Fique atento aos horários de funcionamento, aos domingos fecha às 14:00.

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Fora do centro histórico, a atração mais importante é o Museu do Barro, que não visitei, por falta de planejamento. Deixei para ir no domingo e estava fechado, como a quase totalidade das demais atrações turísticas. Acredite se quiser, a maioria dos museus fecha aos domingos.

Pelo que pude perceber, não há outras atrações turísticas históricas. O que pode ser divertido, mas não fizemos é assistir um jogo de futebol e visitar o Museu Sulamericano de Futebol, parte do Centro de Convenções da Conmebol.

Como em poucas horas é possível visitar os pontos turísticos históricos da cidade e não há muito para fazer no quesito compras, restaurantes, etc…, o melhor é programar um tour nos arredores da cidade, se estiver por lá mais do que um dia.

O que há de mais turístico é El Circuito de Oro. Contudo eu acho que só vale a pena visitar dois pontos desse roteiro ou, quando muito, três. Eu fiz o circuito completo que durou 8 horas, mas não recomendo por um simples motivo: embora os pequenos pueblos tenham igrejas muito bonitas, todas ficam fechadas e não se as visita. Outro problema turístico que precisa ser melhorado e muito.

A rota toda tem aproximadamente 160km. Nós saímos de Assunção em direção a Itá, que tem como atração uma praça em torno de um pequeno lago natural, bem com cara de cidadezinha do interior.

Lá também tem um centro de artesanato, mas não consegui comprar nada. Embora faça parte das cidades fundadas pelos padres Franciscanos (século XVII), que compõem o “Camino Franciscano”, não há igreja a se visitar.

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De lá, seguimos para Yaguarón, onde a igreja do século XVII, construída com taipa e forro em madeira decorada impressiona. O retábulo em madeira talhada, recoberta com lâminas de ouro, completamente restaurado há poucos anos é uma preciosidade de um mestre português.

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As tintas que colorem os entalhes foram produzidas pelos índios locais que auxiliaram na construção. Eu diria que para quem gosta de arte sacra é imperdível e vale uma viagem ao Paraguai só para visitar essa igreja. Note, no entanto que, mesmo essa igreja que é a mais visitada não tem horário certo de visitação e é necessário telefonar para o zelador para marcar a ida. Por isso é fundamental ter um guia.

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Seguimos viagem em direção de Paraguary, onde há outra bonita igreja franciscana, mas que por só abrir para missa não se visita. Nesse ponto já se está no departamento Cordilheira e a paisagem é menos monótona do que no Central.

Entre essa cidade e Piribebuy tem um local para fazer alguns esportes de aventura – Eco Reserva Mabatovi, que pode ser uma opção interessante no verão ou se estiver com crianças. No entanto, o local não tem nem mesmo uma lanchonete. Uma boa opção para almoçar pode ser o restaurante do Hotel La Quinta, mas ligue antes para saber se está aberto. Eu deixei para comer em Piribebuy e não tive coragem após ver as condições dos restaurantes locais.

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Piribebuy é conhecida por ter sido palco de uma das últimas e mais sangrentas batalhas da Guerra do Paraguai, da qual participaram várias crianças. Tem um pequeno museu histórico que, assim como a igreja franciscana, estava fechado em pleno sábado no horário do almoço.

Sem conseguir almoçar, seguimos para a cidade de Caacupe, que é um santuário nacional dedicado à Virgem da Caacupe. Destruíram a igreja franciscana para dar lugar a uma Basílica de gosto duvidoso. Se você não é religioso, não perca seu tempo. Acabamos por almoçar no restaurante do Hotel Asuncion, que é bem simples.

Depois do almoço, nosso destino foi San Bernardino, a única outra cidade, além de Yaguarón que vale ser visitada. A beira do Lago de Ypacarai, a cidade é um reduto de veraneio local, tem residências simpáticas e se pode fazer esporte na beira do lago ou mesmo um passeio de barco. Foi uma pena não ter planejado bem a viagem, pois certamente teria sido uma melhor opção de almoço o restaurante do Hotel del Lago, que data de 1888 e foi totalmente restaurado em 2006. Visitei a parte social e uma das suítes e achei tudo muito bem cuidado. A cidade deve ser mais animada no verão, mas mesmo em setembro tinha algumas lojas e restaurantes abertos.

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Como eu falei acima, acho que, muito melhor do que fazer o circuito proposto pelas agências, o ideal é somente ir a Yaguarón visitar a igreja e de lá seguir para San Bernardino para almoçar com vista para o lago e, se o tempo permitir, fazer um passeio de barco.

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Se for religioso inclua a visita Caacupe que fica bem próxima.

Onde ficar: Os melhores bairros são Villa Morra e Carmelitas, um pouco afastados do centro antigo que é um tanto decadente, mas onde estão localizados os melhores restaurantes e shoppings. Contudo, não espere sofisticação.

Onde comer: Seguimos as sugestões de um brasileiro que lá reside e comemos bem sem grandes surpresas. Nós fomos aos seguintes restaurantes:

Un Toro y Siete Vacas: churrascaria com cortes locais (lembram os argentinos) e acompanhamentos típicos paraguaios, como mandioca cozida. A carne pedida ao ponto veio passada como, aliás, acontece na Argentina. Portanto, se quiser ao ponto, peça mal passada.

Tierra Colorada: Talvez o restaurante local mais sofisticado. Serve cozinha paraguaia com toques contemporâneos. Comemos muito bem e o preço é muito bom se comparado como os preços no Brasil. É essencial reservar.

Bolsi: Voltamos ao centro no domingo somente para conhecer esse clássico da cidade. Infelizmente demos azar. Fora as empanadas chilenas, o restante estava sofrível. Estava lotado de turistas e locais e pelo que pude observar, as boas pedidas são os clássicos caseiros (estrogonofe, bife a cavalo, etc…).

Lido: conhecido boteco pé sujo na zona central, que só tive coragem de entrar porque tinha sido bem recomendado. Provei a empanada paraguaia que é frita e tem um recheio enorme e achei só ok. Acho que vale para tomar uma cerveja e observar a confusão da zona central.

Tive boas indicações de amigos sobre os seguintes lugares:

Mburicao: http://mburicao.com/
Sky: http://www.skylounge.com.py/
Paulista Grill (churrascaria rodízio): http://www.paulistagrill.com.py/
Restaurante do Club Centenario: http://www.clubcentenario.org.py/
Bar San Roque –

By | 2015-09-10T10:04:15+00:00 novembro 8th, 2013|Am. do Sul, Argentina, Chile, Paraguai e Uruguai|0 Comments

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