colaboração de Mel Reis
Tenho a proposta de uma vez por ano fazer uma viagem só com minha filha, hoje com cinco anos. Para acomodar essa curtição no meu calendário anual de férias, não pode ser nada muito longo, mas tem que ser tempo suficiente para que possamos dividir algumas aventuras e para que eu possa, mesmo fazendo programas infantis, apresentar o mundo do meu particular ponto de vista.
Nada contra infra estrutura e opções de lazer, mas isso muitas vezes significa música alta de mau gosto na piscina, restaurantes somente com opção de buffets e crianças dos outros correndo de um lado para outro do café da manhã ao jantar. Para mim um horror!
Muitos amigos e minhas irmãs sempre teimaram em me dizer que eu não escaparia. No entanto, como sou teimosa e gosto de desafios, mesmo nessas viagens, que faço somente eu e minha filha, ainda não me sucumbi, ao menos totalmente, ao esquema “resort”.
No ano passado essa viagem de “meninas” foi uma visita de quatro dias à Disney. Ficamos dentro do complexo Disney e somente fomos às atrações que interessavam a uma menina de quatro anos, sem nenhum dia de compra em Orlando. De lá, seguimos para mais quatro dias em Vermont para visitar uma amiga querida, onde minha filha brincou com cachorros, colheu blueberries, remou caiaque e navegou de veleiro, com direito a banho no Lago Chaplain, que congela no inverno.
As férias deste ano, que é o assunto desta postagem, foram de apenas cinco dias no Ceará, incluindo três dias de Beach Park, sem que nos hospedássemos nos hotéis do complexo que, como eu imaginava e constatei pelo site, são cópia fiel dos horrores que citei acima.
Acabei localizando pelo Guia 4 Rodas o Hotel Carmel Charme Resort, que apesar do nome me pareceu interessante, pois tem somente 35 apartamentos, um único restaurante e bar da piscina, ambos com serviço a la carte e nada de oferta de monitores para crianças e dança na piscina. Pareceu-me o lugar ideal…
De fato o hotel é bonito, muito bem equipado, com quartos espaçosos, bem decorados e confortáveis em todos os aspectos. Todos os apartamentos têm vista para o mar. Alguns são duplex e possuem hidromassagem. As áreas sociais, assim como os quartos, tem decoração contemporânea com pinceladas locais que deixam os espaços integrados ao entorno. As fotos do site são fiéis e em termos de decoração nota 10, tudo de muito bom gosto.
No entanto, não sei o que o site pretende informar dizendo que é um hotel de luxo e requinte, mas de forma alguma se pode ter essas palavras ao pé da letra. No quesito serviço, o local perde muitos pontos. Embora atencioso, no restaurante e no bar da piscina o serviço é demoradíssimo e confuso e a comida inconsistente.
Para mim esse descuido com o serviço num hotel caro é um desastre, ainda maior quando se propõe ser de luxo. Diárias a partir de R$ 850,00, e comida com preço de restaurante top. Para se ter uma ideia, o item mais barato do cardápio era um espaguete a bolonhesa por R$ 42,00 e o mais caro uma calda de lagosta por R$ 100,00. Convenhamos que para o interior do Ceará não é barato.
Ou seja, consegui me livrar dos buffets dos hotéis do Beach Park e da confusão das suas centenas de quartos, mas fiquei frustrada com quesito requinte que o Carmel quer apresentar junto ao luxo e privacidade.
Apesar dos pesares, com certeza não tem nenhum outro hotel com a mesma estrutura e bom gosto na região. Mesmo com as críticas acima, não tenho dúvidas de que foi melhor do que ficar num dos hotéis do complexo Beach Park.
O hotel fica na praia do Barro Preto, no município de Aquiraz, a 40 km de Fortaleza. Se hospedando lá é possível agendar passeios por muitas das praias do litoral leste, até mesmo Canoa Quebrada, a 135 km. Uma opção mais próxima, que vale ser conhecida, é a praia do Morro Branco com suas falésias de areias coloridas. O taxista Assis Azevedo, que me atendeu com seu Doblô em duas das idas ao Beach Park pode ser contatado para esses e outros passeios (fone 0xx85 8504-2249 ou 9658-8449). Ele também faz atendimento em Fortaleza e pode te levar para todas as praias do Ceará.
No dia da chegada, passamos o dia entre a piscina que é imensa e a praia. Não havia muitos hóspedes e a música ambiente é de ótima qualidade. No final do dia ainda aproveitamos um dos spas ao ar livre na área da piscina.
Para as visitas ao Beach Park, saímos do hotel às 10:00, a tempo de chegar com folga antes das 11:00, que é o horário que as atrações do parque ficam liberadas, embora os portões abram mais cedo.
Com 180 mil metros quadrados, o complexo abriga 55 mil metros quadrados de parque, quatro resorts, restaurante na praia e uma loja na beira do mar. Neste ano o parque aquático conta com 16 atrações ou um pouco mais, que são dividas em “radicais”, “moderadas” e “diversão tamanho família”.
O parque não é enorme e achei que faltam atrações para os pais e filhos se divertirem juntos, se a criança tiver menos de 1,40m. As áreas dedicadas a crianças até essa altura são bonitas, lúdicas, mas os adultos apenas observam. Dá para ver que o parque está em constante atualização (veja o mapa do parque), com um brinquedo em construção e uma área nova para crianças pequenas, “espaço circo”, com piso emborrachado, mais tecnológico, diferente das outras áreas que somente receberam tinta emborrachada sobre cimento.
Achei os únicos dois banheiros muito pequenos para o enorme público que recebe. Também são constantes e enormes as filas para recarregar os créditos do cartão de consumo, que é o único aceito dentro do parque.
Assim, calcule o que vai gastar e coloque todo o valor logo que enfrentar a fila de compra de ingressos. Também adquira os armários pelo número de dias, para evitar filas. O valor que sobrar no cartão de consumo, mais aquele de caução da chave do armário, é devolvido no final, mas terá que enfrentar outra fila. Fique atento, pois na saída do parque a bilheteria também faz essa troca do saldo e estava vazia no dia que finalizamos as visitas, enquanto a interna tinha uma fila enorme.
Também achei a sinalização indicativa ruim tantos para os quiosques de alimentação, como para atrações, banheiros etc…
As opções de comida na parte interna do parque também se resumem a quiosques de lanches (burguer, hot dog, kebab, sorvetes e salgadinhos) e um restaurante self-service.
A melhor opção sem dúvida é sair para almoçar na área da praia, na parte externa do parque, onde há um grande restaurante na areia, que pertence ao complexo e serve comidas tradicionais das barracas de praia do Ceará (caranguejo, camarão, peixes diversos etc…). Por incrível, mesmo sendo enorme tem serviço relativamente rápido e a comida é boa, com algumas opções de pratos para crianças.
A barraca é uma só, mas se divide em duas. O Lounge Chandon, onde tem som de DJ (música brasileira e internacional de boa qualidade) e se paga couvert artístico de R$ 9,00, e a parte fora dessa área. O cardápio em ambos os espaços é igual. No louge, em razão da cobrança do couvert artístico, é mais fácil de conseguir lugar. Almocei todos os dias nessa área e foi uma boa trégua das mil águas e pessoas do parque.
Outra dica é fugir dos banheiros do parque próximo ao horário de fechamento, são super lotados. Saia e use o banheiro das barracas que são bem próximos à saída e nesse horário já vão estar limpos e vazios.
De qualquer maneira, essas fugidas com a minha filha sempre são uma chance de passar mais tempo com ela e momentos só nossos. Foi mais um passeio divertido e mais uma recordação para guardarmos.
A terra dos piratas!