Barcelona em 2 dias e meio

Barcelona em 2 dias e meio

por Jaqueline Furrier
colaboração de Mel Reis

Esta postagem é dedicada somente aos dois dias e meio que passei em Barcelona, em junho de 2013, depois de viajar com minha família pela Catalunha, de Andorra à Costa Brava, cujo roteiro foi postado há uma semana (26.06.13).
Chegamos à cidade numa segunda-feira depois do almoço e partimos na quinta de manhã para o Brasil, voando Singapore Airlines.
Das outras duas vezes que lá estive, eu não tinha me apercebido quantas atrações oferece para famílias com crianças e fiquei chateada por minha filha de cinco anos não ter podido desfrutar um pouco mais do que a cidade oferece.
Ficamos hospedados no Hotel Barcelona Catedral, mas eu não recomendo. Fiz a reserva pelo booking e, embora a localização seja excelente, acho que a cidade tem hotéis melhores nessa categoria (4*). O ar condicionado do nosso quarto quebrou tão logo chegamos e fomos reacomodados num quarto menor sob o argumento de que era da mesma categoria. O room service, que quando se viaja com criança é essencial, só tinha opções de sanduíche e saladas.
De qualquer modo, acho que a localização é a melhor possível, pois fica na parte histórica da cidade, entre La Rambla e a Via Laietana e dá acesso a pé à maioria das atrações turísticas. Eixample, junto às obras de Gaudi, tem ótimos hotéis e está perto das lojas mais refinadas, mas é mais distante da parte histórica e da beira mar, assim como dos acessos das atrações de Montjuic. Ficar hospedado em Barceloneta ou em outros locais a beira mar tem a facilidade do acesso à praia, mas fica mais distante.
Barcelona tem atrações para todos os tipos de viajantes:  diversidade de museus, parte histórica muito bem preservada, praias, compras e muitos parques. O melhor é que tudo é bem acessível a pé, de bicicleta ou por meio dos ônibus turísticos, para quem está hospedado na região central ou em Eixample.
A cidade conta com duas empresas de ônibus cujos percursos passam muito próximo a todas as atrações turísticas e permitem subir e descer quando e quantas vezes se quiser. Em razão de oferecer três percursos ao invés de dois, acho que a companhia dos ônibus vermelho e azul oferece melhores opções do que a dos ônibus vermelhos que seguem dois roteiros. Ambas vendem bilhetes para um ou dois dias.
Ao comprar o ticket você recebe uma caderneta de cupons de desconto para as mais variadas atrações da cidade. Portanto, tenha-a sempre em mão.
Fiquei muito impressionada com a quantidade de ciclovias. Se gostar de pedalar, com certeza será a melhor maneira de se locomover pela cidade e observar suas atrações sob outra perspectiva.
Com tão pouco tempo não deu para visitar a maioria dos lugares, mas foi suficiente para ter um panorama da cidade, que mudou muito desde a minha última estada.
Na tarde que chegamos passeamos pelo Bairro Gótico (Barri Gòtic), próximo à Catedral e  jantamos no restaurante Hofmann, que pertence a Escola de Hotelaria e Cozinha de Barcelona e tem 1* Michelin. A cozinha é contemporânea, tem menu degustação e a la carte, serviço atencioso, mas no dia foi demorado. Comemos bem, mas não acho que é imperdível, principalmente por ser um pouco longe do circuito turístico.
A escolha foi em razão de muitos lugares estarem fechados por ser segunda-feira e de os demais que tentei reservar no dia estarem lotados. Boa opção para conhecer um lado da cozinha da escola é a Pastisseria Hofmann, na zona central, próximo à Igreja de Santa Maria del Mar.
A minha primeira opção para o jantar dessa noite era o Saüc que, com outros três, HisopÀpat! e Coure, é citado em matéria do Estado de S.Paulo de 2008, intitulada “Herdeiros da Cozinha Criativa”. Pelo que verifiquei das críticas atuais, todos os restaurantes citados continuam bem conceituados.
O que não faltam são opções de boa mesa na cidade. São várias restaurantes estrelados, sendo que alguns pertencem a grandes mestres como Berasategui e Carme Rasculleda, que estão à frente, respectivamente, do Lesarte e Moments.
No dia seguinte seguimos rumo ao zoológico para agradar nossa filha. O zoo é bem completo, com muitos animais terrestres e marinhos e pode ser visitado a pé ou alugando carrinho de golf. Fica
numa área bem central da cidade, no Parque Ciutadella, que também merece também ser visitado.

 

Fomos andando a partir do nosso hotel por dentro de uma parte histórica da cidade. A nossa ideia era visitar antes o Museu Picasso. Infelizmente, como não tínhamos adquirido tickets pela internet, foi impossível enfrentar uma fila de mais de duzentas pessoas, às 10:00. Assim, não deixe de adquirir o seu antecipadamente.
Depois da visita ao Zoo, seguimos pela orla até a famosa La Rambla e por ela caminhamos até o Mercado de La Boqueria, onde almoçamos frutos do mar deliciosos em um dos pequenos quiosques no seu interior. Tem vários deles no mercado e servem mais ou menos os mesmos pratos, sempre com produtos frescos. Não deixe de passear por lá e também de tomar um picolé de fruta totalmente natural, vendido logo na entrada principal.

 

 

Depois do almoço, caminhamos pela Rambla até a Praça Catalunya, ponto nefrálgico da cidade, para pegar o ônibus turístico. A nossa ideia era visitar a Sagrada Família e o Parque Guell, mas na Sagrada Família a fila dobrava o quarteirão e deixamos para o dia seguinte.
Parque Güell
Visitamos o Parque Güell e a Casa Museu Gaudi, que fica dentro do parque e serviu de residência a Gaudi nos últimos anos de sua vida. O Museu é ok, mas o parque é imperdível!

 

Há obras de Gaudi por todos os lados e a vista da cidade aos seus pés é muito bonita.

 

Parque Güell

 

 

 

Depois disso seguimos com o ônibus turístico pelo roteiro azul passando por lugares mais afastados da cidade. Se tiver tempo não deixe de passear pelo elegante bairro Sarrià e visitar o Monastério de Pedralbes e a sede do Clube Barcelona, que ficam no percurso azul.
Por meio dessa rota é possível também acessar o Tranvia Bau, um trem que chega ao parque de diversões Tibidabo, um dos mais antigos do mundo com mais de cem anos. Diversão garantida para a garotada, é também um programa para adultos admirarem Barcelona do seu ponto mais alto ou ascenderem ao Templo de Sagrat Cor.
Como não haveria tempo para visitar a maioria dos pontos turísticos no dia seguinte, no cruzamento desse roteiro (azul) com o outro (vermelho), trocamos de rota para termos ao menos uma vista panorâmica de toda a cidade.
Pegamos a rota vermelha na Plaça d’Espanya e fizemos o trajeto até o Bairro Gótico onde se localizava nosso hotel, somente apreciando a paisagem. Esse percurso dá acesso aos seguintes pontos turísticos: Caixa Forum – Pavilhão Mies Van Der Rohe, Povo Espanhol, MNAC, Arena Olímpica, Teleférico de MontjuïcFundação Joan Miró; Miramar – Jardins Costa i Llobera;World Trade Center;
Colón – Museu MarítimoPorto VellMuseu d’História de CatalunhaPort Olímpic, Parc de la Ciutadella – zoológico, praia de Palau, Bairro Gótico.
Plaça d’Espanya
O jantar, para mudar de ares foi no bar do restaurante Dos Palillos,  1* Michelin, cujo proprietário, Albert Raurich, foi sub-chefe do Il Buli. O restaurante e o bar servem os mesmos pratos de cozinha asiática, a diferença é que no restaurante eles compõem um menu degustação, que é servido somente com reserva, e no bar o serviço é a la carte e por ordem de chegada.
Como não tínhamos reservado com antecedência e quando ligamos no mesmo dia, o restaurante estava lotado decidimos arriscar. O local tem decoração simples com o intuito de ser cool, senta-se tanto no restaurante como no bar em volta de balcões, mas tudo o que provamos estava excelente. O chefe estava lá em pessoa e foi a refeição mais barata que fizemos EU 100,00 para duas pessoas com três cervejas e gorjeta incluídas. Uma pechincha pela qualidade.
No dia seguinte, com tickets em mãos, comprados pela internet no dia anterior à noite, fizemos um tour guiado pela manhã pela Basílica da Sagrada Família, a inacabada catedral projetada por Gaudi e sua obra-prima.
Incrível o que mudou desde a minha última visita. No seu interior o templo está quase pronto, sem nenhum dos muitos andaimes que lá estavam na ultima vez. Praticamente só faltam instalarem uma parte dos vitrais. A luz que entra na construção é enorme, muito diferente das igrejas góticas que inspiraram sua construção.

 

 

Com um fluxo de arrecadação constante, a previsão é que a obra esteja toda finalizada em 2026. Ainda faltam três fachadas e algumas torres, inclusive a mais alta, que fará da catedral o edifício mais alto da cidade. Ou seja, quase toda obra, atualmente, está sendo realizado no lado externo.
Mesmo que já tenha visitado uma ou mais vezes, vale voltar sempre e ver a evolução dessa magnífica construção. Agende a visita guiada que é bastante explicativa e insere o visitante na obra.
De lá seguimos até La Pedrera Casa Mila, outra obra de Gaudi considerada patrimônio histórico pela Unesco e um dos cartões postais da cidade.
Almoçamos em  Barceloneta, no Makamaka Beach Burger Café. Só serve burgers e saladas num ambiente ao ar livre com vista da praia e do porto. Gente jovem, boa música e clima de férias.
Logo depois, ali próximo, para agradar nossa filha, pegamos o Transbordador Aeridel Port, um teleférico vermelho que cruza todo o Porto Vell até Montjuic. Mais uma bela vista da cidade.
Em Montjuic é possível pegar outro teleférico que leva ao seu topo, onde está localizado o Castelo de Montjuic, uma fortaleza que começou a ser edificada em 1640 e em 1963 tronou-se museu militar. Embarcamos nesse outro teleférico, visitamos os jardins do forte, mas não havia tempo para uma visita ao museu. Voltamos à base de teleférico, mas voltar a pé pelos belos jardins do parque, como eu havia feito em outra viagem, é um belo programa, com ótimas vistas da cidade.
Para retornarmos ao hotel, pegamos novamente o ônibus turístico no pé do teleférico, que nos deixou na esquina do hotel, em frente à praça da Catedral.
Se tivesse mais tempo, além das muitas atrações culturais que teria revisto (museus Miró e Picasso, Casa BatllóPalau Guell, etc…) teria ido sem pestanejar ao aquário, maior da Europa, justo ao lado do cine IMAX, no porto.

 

Como falei no início, Barcelona tem muitos atrativos para famílias com crianças e se estiver com seus filhos não deixe de consultar o site http://www.kidsbarcelona.com/ 
Para fechar o tour gastronômico, começado no Cellar de Can Roca, em Girona, jantamos nessa última noite da viagem no 41°, comandado por Albert Adrià que, com Ferran Adrià, deu azo à cozinha molecular com criações incríveis, copiadas por todo planeta.
Eu sabia que, após o fechamento do Il Buli, os irmãos Adrià tinham aberto alguns bares em Barcelona, mas não havia sequer me informado a respeito. Imaginei que por serem bares poderia ir sem reserva e deixei para decidir lá.
Ledo engano. As reservas são disputadíssimas para os três “bares”:  Tickets, que serve tapas, coquetelaria 41° e no recém-inaugurado Pakta, de comida nikkei. Os números são limitados, as mesas não rodam e os preços não são de forma alguma de bar.
Tivemos muita sorte. Na segunda-feira, quando estava procurando um local para jantar, telefonei para saber se um deles estava aberto e, então, soube das informações acima.
Estavam todos fechados e verifiquei pela internet que todos estavam lotados o mês todo, com exceção de uma mesa de quatro lugares no 41° para a quarta-feira. A questão era que a reserva, pela internet, exigia o pagamento antecipado da mesa toda ao preço de EU$ 200,00, por pessoa. Para maiores informações o site trazia o tel. 34 696 592571, das 13:00  às 17:00. A data era perfeita, ultimo dia da viagem e dia dos namorados no Brasil. Ótimo presente para o meu marido.

No dia seguinte, verifiquei no site que a mesa ainda estava disponível, e telefonei incessantemente até ser atendida por volta das 14:30. Ao iniciar a conversa, para saber da possibilidade de a mesa poder ser reservada para duas pessoas, meu interlocutor me indagou se eu era brasileira. Ao confirmar, ele me disse que poderia falar em português, pois o pai era brasileiro e ele falava nosso idioma. Acho que isso ajudou e ele de pronto me pediu que ligasse dentro de uma hora que ele falaria com Alberto Adria sobre essa reserva e achava que seria possível. Quando eu liguei no horário combinado, bingo. A mesa era nossa e ele nem me pediu o cartão de crédito como garantia. Se telefonar para lá e for atendido por Sergi, diga logo que é brasileiro…
O local se intitula como 41° Experiência. Abre somente de segunda a sexta, e serve apenas dezesseis comensais por noite. O ambiente é de bar, todo preto, com mesas baixas e cadeiras e bancos idem.

 

 

 

 

A proposta é de servir 50 snacks e finger foods com alguns coquetéis. Come-se com as mãos, eventualmente com uma pinça, em uma ou duas bocadas. O número engloba 41 pratos e 5 coquetéis em harmonia com os bocadinhos e por mais EU$ 65,00 são servidos vinhos para os demais itens.

 

O serviço realizado por garçons jovens, mas extremamente bem treinados, é impecável e ao mesmo tempo traz um ar casual de bar enquanto se aprecia uma cozinha por vezes extremamente sofisticada.

Os itens são pequenas obras primas. Eu não gosto de ficar tirando foto de pratos em restaurante e quando faço é apenas de poucos. Nesse dia, porém, não resisti e fizemos foto de todos. Foi mesmo uma experiência gastronômica, fechando a viagem com chave de ouro.

Matéria relacionada: http://magazine.tablethotels.com/en/2013/09/barca-junior/?utm_source=cheetah&utm_medium=email&utm_campaign=20130928-NL_US-edit
By | 2015-11-11T17:52:32+00:00 julho 5th, 2013|Europa, Península Ibérica (Espanha, Portugal, Andorra)|1 Comment

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One Comment

  1. Excelentes dicas para quem tem pouco tempo para curtir esta cidade fantástica. Demonstra uma grande generosidade, obrigado.

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