Por Jaqueline Furrier, Colaboração Mel Reis
Fotos de João Carlos de Gênova
A Colômbia só agora está sendo descoberta pelos brasileiros e parece estar na moda. Passei o carnaval de 2015 com família e amigas, entre Bogotá e Cartagena das Índias e havia brasileiros por todos os lados. Os voos também estavam lotados na ida e na volta.
O país tem um pouco de tudo, da quase inabitada floresta amazônica a grandes cidades como Bogotá na região andina. Cidades históricas como Cartagena, defronte ao mar azul do caribe, e avistamento de baleias na Bahia Solano no Pacífico. As feições da população, como da nossa, remetem a uma grande mistura de raças e a diversidade cultural é grande.
Muito mais seguro desde que se comprometeu com o combate eficiente do tráfico de drogas, o país está vivendo um “boom” econômico que se vê refletido na melhoria da rede hoteleira e na grande oferta de restaurantes mais refinados.
Como ir:
Avianca e Tam têm voos diretos a partir de São Paulo, mas vi muitos que chegaram a Cartagena via Cidade do Panamá ou fazendo conexão em outras cidades da América do Sul.
Voei de Avianca. Aviões novos na ida e na volta, sem atrasos. No entanto, devido à proximidade achei cara a passagem, mesmo tendo comprado com mais de 6 meses de antecedência.
Quanto tempo ficar:
Tudo depende de quantos lugares quer visitar. Para o programa que fiz (Bogotá e Cartagena), acho que os 8 dias foram de bom tamanho. Se sua intenção for visitar a região cafeeira e/ou a ilha de San Andrés, vai precisar de mais tempo.
Bogotá
Nesse post vou contar o que fizemos em Bogotá, onde ficamos por apenas 2 dias e meio e na próxima sexta publicaremos o post de Cartagena.
A capital do país tem mais atrativos do que imaginava quando planejei minha viagem. Deveríamos ter ficado um dia a mais, pois, como nossa estada coincidiu com final de semana e uma segunda-feira, dia que algumas atrações estão fechadas, ficou muito corrido ver o básico.
Como os pontos turísticos não ficam nos bairros onde se localizam os melhores hotéis, gasta-se algum tempo com locomoção, pois o trânsito é caótico, mesmo nos finais de semana.
Para se locomover do aeroporto para o hotel e vice-versa, contratamos traslado com o hotel, que custou por volta de USD 30. Para os restaurantes pegamos táxis, com preço fechado (a partir do hotel) e por taxímetro de volta e não tivemos nenhum problema, embora os táxis não sejam muito confortáveis. Também caminhei pelo bairro em que ficamos hospedados e me senti muito mais segura do que aqui.
Para os passeios usamos transporte privado (veja abaixo).
A temperatura, devido à altitude e proximidade com o equador, é sempre amena. Oscilou entre máximas de 22ºC e mínimas de 12ºC nos dias que estivemos lá (de 14 a 17 de fevereiro).
Hospedagem:
A região norte da cidade é a melhor para se hospedar. Ali ficam as zonas G e T, onde se localizam os melhores hotéis, restaurantes e lojas.
A cidade oferece hotéis de cadeia internacional como o JW Marriot, Sofitel, Hilton etc… e também os que se enquadram no estilo boutique.
A minha escolha, mesmo as vezes errando, é por hotéis menores e assim escolhi o B.O.G Hotel, que se enquadra na categoria hotel de design.
O hotel tem ótima localização e os 55 quartos, divididos apenas em deluxe e suítes têm decoração contemporânea de bom gosto (as fotos do site são fieis). As suítes são mais espaçosas, mas o banheiro não fornece a privacidade ideal. Boa roupa de cama, mas as tolhas de banho poderiam ser maiores (defeito de muitos hotéis ao meu ver). Fiz a reserva pelo Booking e paguei por volta de USD 250 pela suíte.
O café da manhã também não é lá essas coisas, considerando a categoria do hotel, mas parece ser um problema da Colômbia e não do B.O.G em particular.
Almoçamos por lá rapidamente no dia que chegamos e os pratos (todos leves) estavam gostosos. O hotel está se preparando para receber um restaurante gourmet de um chef francês estrelado. Tem piscina e bar badalado no último andar e também SPA, que não usei.
Onde comer
A cidade está bem abastecida de opções para todos os bolsos. Aproveitei para experimentar os três restaurantes que figuraram entre os 50 melhores da América Latina pela edição de 2014 da revista Restaurant, que nem por isso custam caro ou são os mais sofisticados da cidade. Como domingo, quase todos os três estavam fechados para o jantar, jantamos em dois deles e almoçamos em um.
Jantares:
Criterion – considerado por muitos o melhor da Colômbia e n. 39 da América Latina pela lista da Restaurant, o restaurante principal dos irmãos Raush vale a visita. A cozinha mescla ingredientes locais com técnica francesa. O menu a la carte, que foi o por nós escolhido, traz pratos que, embora conhecidos, têm sempre um plus local. Oferece também opção de menu degustação e um menu para o bar, que fica no térreo. Os irmãos Raush são donos também do Bistronomy, em Bogotá.
El Cielo – o restaurante (n. 46 da lista da Restaurant) do chef Juan Manuel Barrientos deixou muito a desejar. Embora o ambiente tenha uma decoração clean todo o resto é pretensioso. O serviço é afetado do começo ao fim. Oferece apenas dois menus degustação (até aí adoro), mas o modo de apresentação dos pratos é exagerado, cheio de espumas e com muito emprego de hidrogênio, já um tanto fora de moda. Tudo isso seria relevado se a comida fosse boa, no entanto, só três dos oito pratos estavam saborosos. Uma decepção. Não recomendo.
Almoços:
Andres Carne de Res – está localizado na cidade vizinha de Chia, fomos no almoço de domingo e estava lotado. São mais de mil lugares espalhados por diversos ambientes de decoração kitsch, mas que encanta. O público era o mais variado possível, de famílias enormes com várias crianças a turmas de jovens que ficariam até a madrugada. Depois das 20:00, não é permitido criança no local e as pistas de dança parecem ferver. No almoço de domingo, houve espaço para aproveitar um pouco do carnaval com músicos de Barranquilla. O local é uma atração por si só. Ficamos por mais de 5 horas e não cansou. O serviço é muito bom, se considerarmos o tamanho, excelente, e o cardápio,, que tem de tudo um pouco não faz feio. É turístico e local ao mesmo tempo. Imperdível!
Do mesmo dono é o Andres DC, localizado em Bogotá. É bem menor, mas se não tiver tempo para ir a Chia ver o original não perca este. Estivemos lá somente para um drink e foi bem divertido.
Harry Sasson – outro da lista da Restaurant (43º lugar) é o mais bonito de todos e deveria ter feito a opção para lá jantar ao invés do El Cielo. No almoço de uma segunda-feira estava lotado. A cozinha é clássica e também faz uso de ingredientes locais. Tem um pouco de tudo e todos os pratos estavam excelentes.
O chef ainda tem na cidade mais três restaurantes: Balzac, de comida francesa, Club Colômbia, que serve comida local, e o Harry’s, bar e restaurante com menu de bocados.
Além dessas sugestões outras opções na cidade, sobre as quais tive referência de amigos e recomendação de matérias jornalísticas que compartilhamos aqui no blog, estão no mapa abaixo. Divirta-se!
O que visitar
Com certeza os museus mais visitados são El Museo del Oro e Museo de Botero, que são de fato muito bons. Outra atração que achei imperdível foi a Catedral de Sal, na vizinha Zapaquirá. Também achei bem proveitoso o tour a pé pela Candelária. Veja abaixo os roteiros que fiz. Todos os tours foram privados, no primeiro dia éramos 6 pessoas, no segundo 8 e no terceiro 4.
Dia 1:
Na verdade meio dia, pois voamos do Brasil de manhã e chegamos no hotel às 14:00. Comemos rapidamente lá mesmo e por volta das 15:00 saímos para visitar o El Museo del Oro. O museu oferece visita guiada em espanhol e inglês, que achei muito instrutiva, diria mesmo necessária para se compreender o significado das peças. Gasta-se duas horas na visita. O local tem uma loja de produtos artesanais interessantes e um café.
De lá resolvemos subir o Cerro Monserrate, de onde se avista toda a cidade, mas foi uma péssima ideia. Não vá de forma alguma nos finais de semana, pois as filas são imensas. Como fomos no final do sábado (por volta da 18:00) não tinha fila na subida (neste horário só tem opção de teleférico), então não nos demos conta dessa questão e pegamos 1:30 de fila na volta.
O cerro fica a 3.152 metros do nível do mar e tem no alto uma igreja e dois restaurantes. No período da manhã, além do teleférico há um funicular que leva ao topo.
O motorista que nos acompanhou nesta tarde nos cobrou USD 25 pela primeira hora e USD 15 pelas demais, para um carro para 6 pessoas
Foto obtida em: http://www.cerromonserrate.com/es/. Acesso: 03.04.2015
Dia 2:
Contratamos com a empresa www.eco-tours.co, que recomendo muito, um tour privado para a Catedral de Sal e parada na volta no restaurante Andres Carne de Res, que fica no caminho entre Bogotá e Zipaquirá.
A catedral foi construída dentro de uma mina de sal, ainda em atividade, e é de fato muito bonita. O local oferece vários tours guiados e atividades e costuma lotar, principalmente nos finais de semana.
Saímos cedo para evitar fila e de fato não tinha nenhuma quando chegamos às 10:00. Calcule ao menos 1 hora a partir de Bogotá. Quando deixamos o local, por volta das 12:00, a fila era imensa para comprar a entrada.
O nosso programa incluía a guia motorista e assim conseguimos evitar o tour oferecido pela Catedral que, por ter sempre muitas pessoas, é mais demorado. Infelizmente as entradas só podem ser compradas no local, então chegue cedo.
Compramos as entradas que davam também direito a uma volta de trenzinho pela cidade de Zapaquira, mas sinceramente o passeio é bobo. A cidade, entretanto, tem um centrinho histórico e uma bela catedral colonial que vale ser visitada. Reserve meia hora para isto.
De Zapaquira, seguimos para Chia para almoçar no Andres Carne de Res (veja acima). É um programa conjugado que vale a pena, mas só é possível fazê-lo às sextas, sábados e domingos, que são os dias em que o restaurante abre.
Pelo programa de 8 horas a ecotours nos cobrou USD 450, par uma van para 8 pessoas.
Dia 3:
Fizemos um tour a pé pela região central da La Candelaria, bairro colonial e centro político-administrativo da cidade. O programa contratado com o concierge do hotel era da empresa Hansa Tours e o guia que nos acompanhou se chama John Murcia, muito bom e gentil.
Fomos de carro do hotel até a Praça Chorro Quevedo, que alguns apontam como o local onde a cidade foi fundada. A pequena praça tem uma capela, que estava fechada, e dela saem várias ruas com casas coloniais e muros cobertos de interessantes grafites. Existe até empresa especializada em realizar tours e explicar a história dos grafites, uma delas é a Bogota Graffiti. Como não fiz, não posso indicar.
A seguir, caminhamos pelas ruas com casas coloniais, na sua maioria restauradas, até o conjunto de museus dirigidos pelo Banco de La Republica.
Nesse complexo estão localizados o Museo Botero (fotos ao lado), com obras do artista e de outros pintores que são do seu acervo pessoal (Picasso, Dali entre outros), o Museu de Arte del Banco de La Republica, dedicado a exposições temporárias, a Casa de La Moneda, com suas coleções de moedas e selos, e a Arte Collection, com suas exposições variadas, que vão de pinturas de artistas colombianos a obras de arte sacra, dentre elas duas custódias magníficas de ouro, decoradas com pedras preciosas.
De lá seguimos pela rua do Centro Cultural Gabriel García Marquez até a Plaza de Bolívar, com seus prédios históricos: a Catedral Primada, a Capela do Sacrário, o Palácio da Justiça (Suprema Corte), o Capitólio Nacional (Congresso), a Libreria Lerner e o Palácio Liévano, que hoje abriga a prefeitura. Somente as igrejas são abertas à visitação pública.
Cruzamos a praça e, seguindo pela carrera 8, onde está Igreja Museu de Santa Clara, que fica defronte à uma praça fechada, onde se situa o Observatório Astronômico (aberto ao público somente na terceira quinta-feira de cada mês, com reserva), e serve de ligação entre a parte detrás do Capitólio e o Palácio Nariño (sede do governo central), onde há troca da guarda presidencial às quartas, sextas e domingos, às 16:00.
Passamos pela Igreja de Santo Agostinho (1ª e 2ª fotos abaixo), que fica atrás do Palácio Nariño e o contornamos pela Carrera 7 até a Calle 10 pela qual seguimos até a Carrera 4, passando defronte ao Palácio de São Carlos (3ª foto), onde Simon Bolivar escapou de ser assassinado, e ao Teatro Colón, construído em 1792 e renovado arquitetonicamente em 1892. Nessa Calle estão também localizados os Museus de Trajes Regionais, de Arte Colonial e Militar, que não visitamos.
Pela Carrera 4, seguimos em direção ao Parque dos Periodistas, que leva este nome por ter sido no passado um local de encontro de jornalistas e escritores, que trabalhavam em órgãos de imprensa que ficam ao seu redor.
De lá seguimos até o Palácio de La Esmeralda, que fica ao lado do Museo del Oro. A Colômbia é famosa pelas suas esmeraldas e há lojas que vendem essa pedra preciosa por toda parte. Em todas elas, os vendedores explicam como reconhecer a qualidade da pedra. Eu que não sou muito de compras e não me animei nenhum pouco em adquirir uma esmeralda. O preço, embora mais em conta do que em outros países, não tem nada de barato e preferi não me arriscar. Foi a única loja que fui do tipo e achei bem sem graça.
No mesmo local funciona uma pequena galeria com lojinhas de artesanato, também sem nada refinado ou especial.
O nosso tour a pé terminou aqui, de onde seguimos de carro para almoçar no Harry Sason. O custo do tour de 5 horas (8:30 às 13:30), para 4 pessoas, custou USD 60 por pessoa.
Depois do almoço, fomos, de táxi, visitar o bairro de Usaquén, que antigamente era um povoado fora da cidade. O local ainda parece uma pequena cidade do interior e tem vários bares, restaurantes e lojas descoladas.
Infelizmente como era uma segunda-feira, muitos estavam fechados e não foi possível desfrutar o local, como aos domingos, quando há um mercado de pulgas e muita agitação em torno da Plaza Central de Usaquén. As lojas que estavam abertas e têm produtos de decoração em couro bem bacanas e com excelente preço são a Adriana O. Tavares e a Di Té Clothing.
Na volta, paramos para dar uma olhada nas lojas de rua da Zona T, mas não tive nem vontade de entrar no Centro Comercial Andino e ver as marcas mundiais de sempre. Demos uma volta no entorno, onde, além de algumas grifes internacionais a exemplo da Cartier, tem alguns designs locais. A loja que mais gostei foi a Silvia Tcherassi, que é considerada uma das top designers do país.
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