Por Jaqueline Furrier – Edição Mel Reis
Fotos João Carlos de Gênova
País famoso por seu cenário selvagem, Botsuana é considerado um dos segredos mais bem guardados do continente a africano. O Delta do Okavango, onde estivemos, é a maior atração do país, seguido pelo Parque Nacional do Chobe e pelas reservas de Moremi e Kalahari.
Como já informado nos posts Cidade do Cabo, Rota do vinho na África do Sul e Zimbábue, a viagem de 16 dias foi realizada em família, filhos e enteados de 6,11,15 e 18, no final de dezembro de 2014 e início de 2015.
Delta do Okavango
O delta é formado por um fenômeno único. Após correr mais 1.000km de sua nascente em Angola, o rio Okavango desaparece em meio ao solo arenoso de região norte de Botswana. O delta está em constante expansão e contração de acordo com o período de chuva (maio a setembro) e seca. Isto faz com que algumas áreas fiquem alagadas o ano todo e outras somente no período de chuvas. A paisagem é verde e exuberante e a vida animal abundante.
Para mim foi o que de mais bonito e selvagem vivenciei naquele continente, não só nesta viagem, mas também ao comparar com a Tanzânia, onde já havia estado em outra oportunidade.
Devido à imensidão do Delta do Okavango, raramente encontramos veículos de outros lodges quando saíamos para os safáris. Também não se avista de um lodge o outro, nem mesmo um ponto de luz a distância. São ao todo 32 lodges de diversas categorias na região.
Ficamos três dias na região e pudemos avistar praticamente todos os animais à exceção de rinoceronte e guepardo, que são raros por aquelas bandas. Avistar uma alcateia de cachorros selvagens, caçando logo na saída do lodge foi um dos pontos altos dos dias que lá ficamos.
Xarana Lodge
A andBeyond possui 35 lodges na África e 4 na Índia, voltados para a atividade de observação de animais (safáris). Eles têm como proposta a sustentabilidade e proteção não só dos animais como também das comunidades que vivem nas áreas próximas de onde estão localizados.
Embora a proposta seja de turismo de luxo e de fato os dois lodges (em Botswana e África do Sul), nos quais estivemos sejam muito bacanas e ofereçam boa comida e serviço, há propostas muito mais luxuosas no continente. Para o meu estilo de viajar, achei a proposta na medida e recomendo.
O lodge Xaranna fica numa concessão privada de 25.000ha e não é cercado. Ou seja, os animais têm livre acesso e, por essa razão, só se pode caminhar depois que escurece acompanhado de um segurança.
São nove tendas, todas com decoração contemporânea e piscina privativa. O lounge da área comum também tem uma decoração que contrasta com o ambiente sem agredi-lo. Do lodge se avista um canal do delta e uma pequena lagoa, onde sempre havia rinocerontes.
Nós ocupamos três tendas e as crianças ficaram bem, sem a companhia de adultos. As tendas são próximas (+/- 50 m) e têm telefone. Para mim foi tranquilo, mas acho que nem todos os pais se sentiriam confortáveis. É possível fazer um quarto triplo, mas eles só aceitam dois triplos entre as nove tendas, por vez.
O Xarana fica a 30 min da pista Pom Pom, onde aterrissamos por volta das 14h30min. Duas das malas não foram retiradas do avião, o que causou certo stress. Felizmente a comunicação entre os lodges e a cia aérea MackAir (ver detalhes no post Férias em família na África do Sul: safári no Zimbábue) é boa e logo localizaram as malas, que chegaram no dia seguinte. Sugiro que confira pessoalmente o embarque e desembarque das malas nas pistas de pouso e mesmo nos pequenos aeroportos.
Quando chegamos ao lodge, um almoço leve nos aguardava e logo já partimos para nosso primeiro safári por essa região.
Foram ao todo 6 saídas em três dias, sendo a última de barco. Eles oferecem também safáris a pé e nadar nas lagoas, mas não arriscamos com as crianças.
Passamos o Réveillon 14/15 por lá. Nesta noite o jantar foi especial com um longo menu e apresentação de dança típica pelos funcionários. No entanto, nem pense em festa propriamente dita e, tampouco, fogos de artifício. Foi difícil aguardar o último badalar do ano sem dormir, mas diria que valeu a pena passar o ano num lugar tão selvagem.
Programação
Tanto no Xarana, como no Exeter Lodge, na África do Sul, também pertencente à andBeyond e tema do próximo post, a programação diária é a mesma (imagino que seja em todos os demais lodges também), mas nada é obrigatório.
Os hóspedes são acordados às 5h00, é oferecido chá, café e algum tipo de snack (cookies, cupcakes etc…) e antes das 5:30 já se está na Land Rover para a saída da manhã.
Embora o carro possa acomodar 9 pessoas, mais dois guias (motorista e ranger), só levam 6 hóspedes por carro e o assento do meio fica vazio, para que todos tenham uma boa vista. Como éramos seis tínhamos um carro somente para nossa família.
Os safáris demoram, aproximadamente, quatro horas, período que pode ser despendido percorrendo grandes distâncias a procura de animais ou com longas paradas para observá-los, principalmente se estiverem interagindo entre si ou caçando.
Durante esse tempo há uma parada para um pequeno lanche, mas é no retorno ao lodge, por volta das 9h30min, que o café da manhã é de fato servido.
O almoço é servido a partir do meio dia e, na mesma proposta do lodge do Elephant Camp, no Zimbábue, é uma refeição leve, composta de saladas uma carne fria ou torta e alguns acompanhamentos, com um pouco de sofisticação. Em ambos os lodges da andBeyond achei a qualidade e originalidade da comida muito boa, sendo a do Exeter um pouco melhor e mais sofisticada do que a do Xarana.
Entre o café da manhã e o almoço e depois desse pode-se, além de relaxar no quarto, à beira da piscina privativa ou no caso do Exeter também na comum, marcar uma massagem ou fazer compras nas lojinhas, que têm artesanatos bem legais.
Entre 16h00min e 16h30min um chá da tarde é servido e os guias já estão à espera dos hóspedes para a saída da tarde, que dura aproximadamente 3h00.
O jantar é servido a partir da 19h30min, a la carte, e há sempre três sugestões de entrada, três de prato principal (quase sempre uma das opções é uma carne de caça) e duas de sobremesa. O ambiente dos restaurantes é preparado com luz de velas ou às vezes são ambientados nos jardins ou na Bona (cercado que copia as aldeias locais). Numa das noites, em ambos os lodges, foi servido um churrasco com várias carnes e peixes e os acompanhamentos apresentados num buffet.
Depois de três dias de muita emoção, partimos por volta as 12h00min do terceiro dia, rumo ao Exeter Lodge na reserva do Sabi Sand, na África do Sul, sobre o qual traremos dicas e detalhes em breve.
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