Por Jaqueline Furrier – Colaboração Mel Reis
Pouco frequentada por brasileiros as estações de esqui espanholas acabam não sendo nem mesmo cogitadas pelas agências brasileiras especializadas no assunto.
Eu não esquio, mas minha filha a enteados curtem uma temporada na neve e, como no final do ano tínhamos uma festa de aniversário na Catalunha, fui me informar onde ir esquiar sem precisar pegar um voo.
Como os Pirineus estavam logo ali, tínhamos como opções as estações espanholas e andorrenses. Pesquisando, achei que o Val d’Aran, mais precisamente a estação de Baqueira Beret, na Espanha, seria a melhor opção para nós.
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Localizada na divisa com a França (o aeroporto mais próximo é o de Toulouse), e a 296 km de Barcelona (4h00 de carro), é a maior estação de esqui dos Pirineus espanhol, com 104 km de pistas entre os vários setores, mas o que definiu nossa escolha é que a estação está localizada num vale onde há várias pequenas vilas com diversos outros pontos de interesses e, assim, oferece diversas opções também para quem não esquia.
Hotel
Ficamos hospedados em Baqueira-Beret para que ficasse fácil o acesso às pistas, mas há opções de hospedagem em toda região e, pelo que vi, há vários meios de acesso às pistas.
Nossa opção de hotel, que fica a poucos passos da gôndola, foi o AC Baqueira Ski Resort – Autograph Collection Hotels, que é sem dúvida o melhor da região.
O hotel é novo, só abre durante a estação de esqui e tem todas as comodidades de um 5*. A decoração é contemporânea, mas sem deixar de lado o charme das montanhas.
Os quartos são amplos e valeu a pena ter entrado em contato diretamente com para fazer a reserva, pois foram eles que me propuseram uma suíte e um deluxe room conjugados, para nossa família de 6 pessoas, por um preço melhor do que reservar 3 quartos, que seria a opção mais óbvia.
Fotos obtidas em: http://www.espanol.marriott.com/hotels/travel/ildba-ac-baqueira-ski-resort-autograph-collection/ acesso em 22.03.2017
O hotel tem um restaurante italiano legal e um bar com lanches e massas. A sala de convivência, que tem uma decoração muito bonita, tem um bar de bebidas.
O SPA é bem equipado, mas achei pequeno e também senti falta de uma piscina.
O hotel ainda possui um espaço para guardar equipamentos junto ao prédio onde fica uma das gôndolas de acesso às pistas, então não é necessário carregar o equipamento até o hotel todos os dias.
Tanto o AC Baqueira como o Hotel Val de Neu, outro 5*, têm suas entradas numa área coberta de conveniência, onde há algumas lojas para aluguel e compra de material de esqui, uma mercearia, um restaurante, e uma sorveteria.
É também neste prédio que fica uma das bilheterias para ingressos de acesso às pistas.
Esqui:
Os ingressos de acesso às pistas, como na maioria das estações podem ser adquiridos por vários dias consecutivos com desconto. De qualquer modo, achei bem salgados. Veja quadro com os preços:
Para quem não esquia o acesso é limitado ao primeiro nível (1.800m), onde tem algumas opções de cafeterias e restaurante. A partir deste ponto, somente com esqui nos pés. O preço de acesso para não esquiadores é de EU$ 15,00.
Como o pessoal de casa gosta de esquiar, mas não domina o esporte, contratamos um professor particular, que os acompanhou por quatro dias.
Eu fiz uma pesquisa sobre escolas de esqui e a que achei com melhor preço foi a escola Arenau, fiz toda reserva com Ricardo por e-mail (escola@araneu.com) e foram muito profissionais.
Aliás, tinha reservado somente um professor para quatro e lá, depois do primeiro dia de esqui, quando nos sugeriram contratar dois por conta da diferença de habilidades entre os irmãos, nos fizeram um grande desconto. Recomendo.
Ao contratar as aulas, também nos ofereceram 10% de desconto na loja M+, ao lado do hotel, para locação de equipamento.
Na montanha, onde só subi uma vez, pois as crianças iam sozinhas encontrar o professor, almocei no Cinco Jotas 1.800, que é o único restaurante neste ponto.
Servem, além do famoso presunto que dá nome ao lugar, grelhados, massas, sopas e saladas. No mesmo prédio tem uma lanchonete para quem quer comer rapidamente.
Para quem gosta, há ainda, oferta de passeios em trenós puxados por cães ou cavalos, assim como com motos de neve.
O que visitar e onde comer no Val D’Aran:
O vale situado num canto remoto dos Pirineus, na divisa com a França, tem língua própria (aranês), muita história e pode ser visitado o ano todo, pois atividades não faltam, mesmo quando não há neve. No verão, a região é propicia para hiking, pedaladas, canoagem e cavalgadas.
São 33 cidadezinhas na região, que pode ser visitada o ano todo. Algumas vilas parecem paradas no tempo.
O vale conta com mais de 30 igrejas românticas (século XII), sendo que algumas delas guardam afrescos dessa época.
Há, ainda, 5 museus (info.museu@aran.org), 1 fábrica de queijos (Bagergue), 1 cervejaria (Escunhau) e um centro de produção de caviar (Les), que podem ser visitados.
Também há muitas opções de restaurantes e bares, para ninguém ficar sem energia.
O circuito chamado Rota Romanesca d’Aran abaixo, que só encontrei em francês, traz 36 pontos de interesse da região e foi por onde me guiei para escolher o que visitar.
Em espanhol, encontrei um folder com as 16 igrejas, que formam Rota Romântica d’Aran
Pontos de interesse e Restaurantes
Abaixo, seguem os pontos de interesse que visitamos e onde fizemos nossas refeições.
Não me encantei muito pelas opções gastronômicas da cidade, tanto que, além de um jantar no restaurante do hotel e 1 almoço na montanha, fizemos três refeições no Winebar Viña Pomal (1 almoço e 2 jantares).
Winebar Viña Pomal – patrocinado pela vinícola Pomal de Rioja, serve pequenos tapas para serem divididos. Em três idas, acho provamos quase todos e estavam deliciosos. Destaque para o fois gras.
É a capital da região e a maior cidade. Passamos por lá, durante o dia, para conhecer a igreja e voltamos numa noite para jantar.
Tem um pequeno centro histórico, mas acho que perde em charme para as pequenas vilas de seu entorno. É lá que fica o Museu Etnológico e a Fábrica de Lã, mas não visitamos.
Igreja de São Miquèu de la Vielha – a igreja romântica, que com o tempo ganhou um portal gótico, tem em seu interior uma das obras mais importantes da região, a escultura em madeira do Cristo de Mijaran.
Era Coquèla – ambiente agradável e comida farta de montanha. Um autêntico Bibi Gourmand: boa cozinha e preço camarada. Fomos no jantar. Os pratos são muitos grandes, poderiam ter sido divididos, principalmente, por termos pedido entradas. Fica a dica.
Escunhal
Nesta vila fica a casa mais antiga de todo o vale, Çò des de Pèirjoan e também outro exemplar de igreja romântica, mas como só fomos numa noite para jantar, não a visitamos.
El Niu – Fomos no jantar na noite de partida e adoramos. O clima é de montanha, com opções variadas e serviço super atencioso. O restaurante, que também é Bibi Gourmand, é tocado por um casal. Ele no comando da cozinha e ela do salão. Fora o prato principal, deixamos a critério dela as entradas servidas para compartilhar e estava uma melhor do que a outra.
Fomos duas vezes para almoçar nesta pequena vila na fronteira com a França. A cidade é um charme e sua igreja, por ser um exemplar romântico puro, é a única, além da de Arties, considerada Bem Cultural de Interesse Nacional, na categoria Monumentos Históricos. Infelizmente não estava aberta nas duas oportunidades que lá estivemos.
El Portalet – em uma casa típica da região, este Bibi Gourmand serve pratos araneses muito bem preparados. Há opções de menu degustação ou se escolhe a “la carte” uma entrada, um prato e uma sobremesa. Foi o que fizemos, mas o chef nos agraciou com mais alguns acepipes. Tudo estava delicioso.
Er Occitan – este outro Bibi Gourmand tem uma pegada mais autoral e estava lotado no dia que fomos. Apenas trabalha com menus degustação, mas o preço é excelente e a comida deliciosa.
Torrons Artesans Vicens – fundada em 1775, oferece mais de 200 tipos de torrões, chocolates e frutas secas caramelizadas. Fica ao lado do Er Occtan. Uma delícia!
Subimos até o alto desta pequena vila apenas para conhecer o Ecomusèu Ço de Joachinquet, que retrata como viviam os araneses do final do século XVIII ao início do século XX. Do alto se tem uma bela vista de todo o vale.
Arties
Esta é a vila mais bonita e que tem a igreja mais bonita também: Igreja de Santa Maria, com lindos murais renascentistas (s. XVI).
A vila é bastante pitoresco e com muitos restaurantes e pequenos hotéis. Só passamos a caminho de Bossòst, mas poderia ter sido melhor explorada. Veja mapa com as diversas opções:
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