Por Jaqueline Furrier, Colaboração Mel Reis
Fotos de João Carlos de Gênova
A Cidade colonial, cercada por 13km de muralha (Las Murallas) é considerada patrimônio mundial pela Unesco. Desde logo após sua fundação a cidade floresceu como o principal porto do Caribe e devido a sua riqueza foi alvo de inúmeros ataques de piratas.
Para a defesa desses ataques, os espanhóis construíram diversos fortes no entorno da cidade e durante o período colonial, Cartagena era a mais importante cidade da América espanhola. Foi também uma das primeiras cidades a proclamarem independência.
O charmoso centro histórico amuralhado da cidade vem sendo restaurado há mais ou menos 10 anos e as construções coloniais estão em sua maioria em bom estado de conservação. Muitas delas foram transformadas em hotéis, restaurantes e lojas. A cidade conta ainda com alguns museus interessantes. Vale a pena se perder por suas ruelas, parando para se refrescar do calor intenso e úmido.
O centro histórico é com certeza o melhor local para se hospedar. Bocagrande, na parte sul da cidade concentra hotéis de grande porte e das cadeias internacionais, mas nada tem de especial.
Embora a cidade fique no mar do caribe, está voltada para uma baía, cujas águas turvas em nada lembram o claro mar caribenho.
A cidade é rica em história e suas construções coloniais – palácios, monastérios, igrejas, praças e mansões com lindos balões e pátios, estão por todos os lados nos distritos de El Centro e San Diego
Como ir:
O mais comum é ir pela cidade via Bogotá, mas Cartagena recebe voos diretos de outros países da América do Sul e Central. Encontramos muitas pessoas que chegaram via Cidade do Panamá pela Copa, e parece ser uma opção mais econômica do que Avianca, LAN ou TAM.
Pelo que percebi lá, muitas pessoas incluem as Ilhas de San Andrés no roteiro da Colômbia, mas sinceramente não acho que é o que o país tem de melhor e, embora no Caribe, em nada parece lembrar a badalação ou sofisticação de outras ilhas caribenhas.
Se praia for um item fundamental no seu roteiro, sugiro outro país como destino. Se quiser apenas desfrutar de um ou dois dias de praia sossegada com a cor do mar caribenho a sua frente, sugiro que fique uma noite no Agua Azul Beach Resort, em Baru.
Passamos o dia a partir de Cartagena e o local é muito bacana. Ocorre que esse tour de um dia num barco privado é caro e se acaba ficando apenas umas 3 horas no local, pois primeiro barco (privado) nos levou para conhecer as Islas del Rosario, onde fizemos snorkel, e só por volta das 12h00 chegamos ao hotel, de onde se tem que sair até as 15:00 para evitar o vento forte do final do dia que torna o percurso de barco muito ruim.
Assim, minha sugestão é que reserve uma noite para o local, contrate a saída com o hotel na manhã do primeiro dia e a volta no final do segundo dia. Não vai se arrepender.
Para aproveitar melhor os voos e não ficar fazendo check in e check out de hotéis, planeje sua viagem diretamente do Brasil para Cartagena (conexão possível que escolher), vá a esse hotel depois de visitar Cartagena e planeje um voo para o seu próximo destino depois das 18:00 do dia que fizer o check out do Agua Azul vá do píer de Cartagena diretamente para o aeroporto para pegar seu voo.
As Islas del Rosario, assim como a Playa Blanca, são destinos bem populares e além de lotar, as pessoas com a quais conversei que lá estiveram reclamaram muito da perturbação constante de ambulantes.
Sugiro um tour privado que lhe garanta um local reservado para se estar depois do desembarque como o Agua Azul.
Hospedagem:
Dentre as muitas opções do centro histórico, o Hotel Santa Clara (Sofitel) parece ser uma unanimidade quanto a ser o melhor da cidade. Mesmo estando sediado num convento reformado é um hotel grande (123 quartos) e não faz o meu gênero. Fui almoçar para matar a curiosidade e pude constatar o que eu imaginava, dependências comuns legais, uma grande piscina, mas, ao menos do lado de fora, os apartamentos me pareceram bem padronizados. Pareceu-me bem simpático o Bovedas de Santa Clara, que está ao lado e permite aos hóspedes se utilizarem das áreas comuns do Santa Clara.
Depois de muito pesquisar hotéis menores na linha boutique/design, acabei escolhendo o Bastion Luxury, inaugurado há menos de um ano e não me arrependi.
O hotel fica muito bem localizado numa zona calma do centro histórico e mesmo assim perto de tudo. Os 51 apartamentos são espaçosos e muito bem decorados (as fotos do site http://www.bastionluxuryhotel.com/ são fiéis, veja ao lado). Tem uma piscina e um bar na cobertura e um restaurante gourmet, cujo menu é assinado pelos irmãos Raush, no térreo (El Gobernador), que não experimentei porque estava bem vazio e tinha uma lista de opções para provar na cidade.
Almocei no bar da piscina no dia que chegamos e para refeições leves é ok. O café da manhã também era variado e com bons produtos, embora nada que não se espere de um hotel bacana. Peça os pratos a la carte que estão incluídos no preço do café da manhã e são bem melhores que as opções no buffet, ao menos no quesito ovos.
Praticamente ao lado do Bastion Luxury fica um outro bem legal, no mesmo estilo – Tchehrassi Hotel, que pertence à mãe de Sylvia Tcherasssi, uma das designs de moda mais famosas do país. Nesse hotel de apenas 7 suítes, fica um restaurante italiano delicioso chamado Vera (para o jantar reservar é essencial). Um novo hotel de mesmo nome está em construção e promete ser o melhor da cidade.
Além desses, pareceram-me ser boas opções no centro histórico os seguintes hotéis: Moviche Hotel Cartagena, filiado a Small Luxury Hotels, Casa San Agustin e Hotel Charleston Santa Teresa, ambos filiados a Leading Hotels, Casa Pestagua e El Marques.
Onde comer
A cidade tem muitas opções para todos os bolsos. A maioria dos restaurantes serve comida com produtos do mar, principalmente frutos do mar (não há muita variedade de pescados). Posso dizer que depois de cinco dias o meu paladar pedia algo de diferente e nem aproveitei o jantar de despedida.
Fiz uma pesquisa em várias publicações e também com amigos antes de escolher onde ir e a única decepção foi o famoso La Vitrola. Só no segundo dia na cidade descobri que Harry Sasson (veja post de Bogotá) acabara de abrir seu mais novo endereço, mas não conseguimos ir por falta de tempo, antes tivesse escapado do La Vitrola.
Também fizemos um tour gastronômico que foi legal, mas não interessante como poderia ser. Talvez tenha errado na escolha da empresa (Cartagena Concierge). De qualquer modo a experiência valeu para conhecer produtos e andarmos por partes do centro não turísticas e ver um pouco da confusão da cidade real. Adorei também provar o suco de coco no La Cocina de Cartagena.
Como almoçamos uma vez na piscina do hotel, outra durante o tour gastronômico e outra no hotel Agua Azul, sobraram dois almoços e cinco jantares que foram nos seguintes locais:
Almoços
Maria: Adorei este lugar e deveria ter ido num jantar. A cozinha do chef Alejandro Ramirez é a típica comida de mercado, simples, bem executada e com toques autorais. O chef estudou na Inglaterra e teve grande experiência internacional até voltar a Cartagena e abrir o restaurante em conjunto com Juan Felipe Camacho, que comanda o Donjuán, no imóvel ao lado. Ambos merecem ser visitados.
El Claustro: Fica no Hotel Santa Clara e fui mais para conhecer o local do que a cozinha. É um típico restaurante de hotel com serviço de buffet e a la carte. Pulamos o buffet, e optamos por alguns pratos leves após dividirmos umas entradas. Gostoso, mas nada de especial. O restaurante 1621, situado no mesmo hotel, só abre para o jantar e tem pegada gourmet.
Jantares
Vera: Com certeza um dos restaurantes mais badalados da cidade. Fica no pátio do hotel Tcherassi e serve culinária italiana tradicional e bem preparada. Reserva é essencial.
Donjulio: Com certeza o melhor jantar. Embora o chef diga fazer uma cozinha casual, achei bem inventiva a mistura dos ingredientes e o preparo tem técnica apurada. O chef estudou em San Sebastian e trabalhou com grandes nomes da cozinha espanhola. O ambiente é bonito e vive lotado. Reservas são essenciais e estão disponíveis no jantar apenas em dois horários 19:30 ou 22:00. Não deixe de ir.
El Santissimo: Pena que foi minha última refeição na cidade e já estava farta de frutos do mar e do tempero caribenho. Embora também seja turístico a cozinha tem consistência e vale a visita principalmente se quiser aproveitar o menu de =/- USD 50 que inclui entrada, prato, sobremesa e open bar.
Além desses locais, provamos o sensacional ceviche do El Boliche (considerado o melhor da cidade). O lugar é minúsculo e vive lotado. Os ceviches são diferentes, mas deliciosos.
Marea by Raush: mais um restaurante dos irmãos Raush, este fica localizado no Centro de Convenções de Cartagena (entrada independente), logo do lado de fora das muralhas. A decoração que remete às cores do mar é elegante e da varanda, onde sentamos, tem-se uma bonita vista das muralhas e do centro histórico. A cozinha de ar, com alguns pratos peruanos e saborosa e farta. Gostei bastante.
La Vitrola: Achei uma enganação em todos os sentidos. A mim pareceu um daqueles lugares que fez a fama e deitou na cama. Turístico em todos os sentidos. Comida pasteurizada e música ruim. Achei uma perda de tempo.
O mapa abaixo mostra a localização dos hotéis e restaurantes citados no post e mais alguns que me foram recomendados, mas não tive tempo de ir.
O que visitar
O centro histórico pode ser explorado de diversas maneiras e por todos os lados há construções interessantes. O melhor é se deixar levar. Lembre-se sempre que o calor o ano todo é escaldante e planeje caminhar pela cidade de manhã ou no final do dia. Entre 11:00 e 15:00 refresque-se na piscina do seu hotel ou vá almoçar num local que tenha ar condicionado.
Walking Tour:
Num dos dias, fizemos um walking tour também com a Cartagena Concierge, mas achei fraco. Ouvi maravilhas sobre a guia Marvely, mas entrei em contato somente quando estava na cidade e ela não pode nos atender. Acho que vale a pena procurá-la ou outro guia para que conheça um pouco da história e arquitetura local.
Durante o nosso tour que foi das 9:00 às 12:00, além de percorrermos as ruas do centro histórico, visitamos os seguintes lugares:
Palácio de La Inquisicion: Um belo exemplar da arquitetura colonial mais nova (finalizado em 1776). No local funcionou até a independência (1821) o Tribunal da Inquisição (único da colônia) e mais de 800 pessoas foram condenadas à morte e executadas. Atualmente funciona como um museu que expõe objetos de tortura (cópias dos originais), armas da época colonial, objetos históricos e cerâmica da era pré-colombiana. Há ainda, uma sala para exposições temporárias. O museu oferece visita guiada (inglês e espanhol) por um preço bem camarada.
Foto obtida em: http://www.muhca.gov.co/muhca Acesso: 10.04.2015.
Museo del Oro Zenú: muito menor do que o de Bogotá, mas oferece bons exemplos de artefatos e cerâmicas do povo Zenú.
Catedral: A construção foi iniciada no século XVI, mas antes de terminada foi parcialmente destruída por canhões de piratas. Foi finalizada no século XVII e seu retábulo de ouro é do século XVIII. Parece uma fortaleza e tem pouca decoração no seu interior.
Igreja de Santo Domingo: Construída em 1552 é a mais antiga da cidade. Possui um altar barroco no qual se encontra escavado no alto de seu lado direito a figura de Cristo. O chão é coberto com lápides na maioria do século IXX.
Num outro dia à tarde, visitamos o Convento de La Popa e o Castilho de San Felipe de Barajas, que ficam fora da cidade. Contratamos um serviço de van que nos custou USD 100 por um período de 3 horas. Esse programa, que é fora do centro histórico, é muitas vezes oferecido pelas agências combinados com tour pelo Distrito de Bocagrande, mas preferi deixar essa zona da cidade de lado.
Convento de La Popa: Tem esse nome porque o morro no qual se situa, a 150m do nível do mar, se parece com a popa de um navio. Este é o ponto mais alto da cidade e na verdade o convento se chama Nossa Senhora de la Candelaria. Foi fundado em 1607 como uma pequena capela de madeira e só veio a ganhar uma construção maior depois de dois séculos, quando o local foi fortificado. A visita é rápida e guias ficam à disposição para um tour (20 min) por USD 10. Vale mais pela vista.
Castilho de San Felipe de Barajas: A maior fortaleza construída pelos espanhóis em suas colônias tem um complexo sistema de túneis conectados que permitia a distribuição de provisões e facilitava evacuação. Alguns desses túneis são aberto para o público e achei essencial pagar USD 24 para fazer uma visita guiada. O complexo toma todo o morro de San Lazaro e jamais foi tomado por inimigos.
Compras:
Como sempre lembro nos meus posts, não perco muito tempo com compras em viagem, mas Cartagena pode ser inspiradora para quem gosta de artesanato e souvenirs.
As melhores compras para mim foram os chapéus de praia. Existem muitos e de todos os preços. O sr. que fica na esquina da Praça Santo Domingo ao lado da “Gorda” de Botero tem alguns de boa qualidade e preço.
Muitas lojas de souvenir estão localizadas em Las Bovédas, uma construção militar do século XVII encrustada nas muralhas, que na república foi transformada em prisão até ser restaurada como centro comercial. Tem de tudo um pouco, mas não via nada de muito especial
Vi coisas legais na Artesanias de Colombia, Casa Museo Art y Cultura e NH Galeria.
Para roupas, gostei da diversidade da St. Dom, que vende multimarcas de mais de 60 designs colombianos.
Não deixe de passear pelas muralhas da cidade de preferência no final do dia e pare para apreciar o pôr do sol no Café del Mar. O local é turístico, achei os drinks péssimos (peça cerveja), mas não há vista melhor.
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