Los Roques

por Jaqueline Furrier
colaboração de Mel Reis

Posso dizer que conheço a maioria das praias brasileiras consideradas paradisíacas e também algumas pelo mundo, mas não estive em nenhum lugar que tenha o conjunto de belezas de Los Roques. Os tons da água são muitos e impressionantes!
A visibilidade é enorme em todas as ilhas, que estavam praticamente desertas mesmo em pleno carnaval. O acesso às praias é sempre fácil, pois é de barco.
As águas são calmas e mornas. A questão de ter fácil acesso às praias e se poder ver muita vida marinha em qualquer local faz com que se torne um ótimo lugar para se ir também com crianças. Minha filha de 5 anos aproveitou muito e adorou nadar com estrelas do mar por todos os lados, além é claro de estar em um grande aquário de corais e peixes coloridos. Mesmo Fernando de Noronha, onde estive três vezes, não me impressionou tanto.
O arquipélago é composto de 43 Cayos (pequenas ilhas que geralmente não são habitadas dado o seu reduzido tamanho) e 300 pequenas ilhas, além de extensos corais, então é impossível ver tudo em uma só viagem.
“não estive em nenhum lugar que tenha o conjunto
de belezas de Los Roques”
Ficamos sete dias, de 10.02 a 16.02.13, mas não conseguimos ir a todos os lugares tidos como imperdíveis. Acho que o ideal para quem estiver programando essa viagem é tentar ficar de uma semana a dez dias. Fizemos cinco passeios longos (das 9h30 às 17h30) como vou detalhar, e mais duas visitas mais curtas no primeiro e último dia, mas é possível ficar dez dias e ter muitas opções de atividades.
Preparando a viagem — passagem, hospedagem, taxas, custos de passeios. Não dá para ir sem pernoitar na ida em Caracas (vou falar sobre os voos mais abaixo) ou nas imediações do aeroporto em Maiquetia, onde estão localizados alguns hotéis, pois é uma cidade de veraneio.

As pousadas de Los Roques se prontificam a fazer a reserva dos hotéis, mas isto pode custar mais caro, pois se paga no câmbio oficial.
Em fevereiro esse câmbio era de 1 dólar para 6,3bolivares (VEB). No entanto, o câmbio negro, sem procurar, era de USD 1 para 15,00 VEB. Esse era o valor pelo qual também facilmente se trocava na ilha.
Assim, por exemplo, reservando-se o Marriott, melhor hotel de Maiquetia,  pelo booking.com, a tarifa era de USD 438.00, mas ao pagar lá em dinheiro trocado no paralelo custou menos do que USD 140.00. Muito menos do que o valor pago por amigos que fizeram reseva para o hotel de Maiquetia por meio da pousada, realizando a quitação antecipada via paypal no câmbio oficial. Isso também serve para a custo das pousadas, mas aí teria que ir sem reservas, o que não é aconselhável na temporada alta.
Como os preços são sempre cobrados em Bolivares, se for sem reserva, poderá pagar um terço do que se paga antecipadamente. O que registrei é que no câmbio oficial nada é muito barato, pelo contrário. A viagem só fica barata e assim muito atraente, se não usar o cartão de crédito para nada.  
“leve dólares e troque na medida do que necessitar, 
pois o que não gastar em bolivares 
não pode ser convertido na volta em USD” 
As boas pousadas cobram USD 180, por pessoa por dia pela pensão completa. Café da manhã sem muitas opções, basicamente suco, ovos, pão caseiro e panqueca. O almoço, que é posto no cooler que se leva para a praia,  é composto por salada, sanduiche, frutas e algum biscoito doce. Água, refrigerante e duas cervejas por pessoa estão incluídos. Na minha pousada era possível pedir para colocar mais cervejas sem custo adicional. Na volta da praia sempre são oferecidos sucos e algum snack.
O jantar é servido para todos os hóspedes ao mesmo tempo as 19h30 e é composto de quatro pratos. Ao escolher são oferecidas duas opções de entrada (uma de peixe e outra vegetariana), seguida de uma massa ou sopa. Depois é servido um prato de peixe e por final são oferecidas duas  sobremesas a escolher. Bebidas alcoólicas não estão incluídas no jantar. As opções de vinhos são legais e pelo câmbio paralelo baratas. O vinho mais caro, um italiano da vinícola Masi, custava VEB 480,00, ou seja, USD 32 no paralelo.  No câmbio oficial, já seriam USD 80 e o vinho ficaria caro em relação à qualidade. Pelo que notei não vale a pena não comprar o pacote completo.
Onde comer? Para o almoço não há muitas opções. Somente duas ilhas (Sarquis e Madrisqui) têm um pequeno restaurante muito simples e em Francisqui tem outro um pouco mais arrumado, mas mesmo assim despojado.
O cooler com o lanche da pousada eu diria que é indispensável. Pode-se não fechar o pacote com o jantar, mas como em Gran Roque todos os restaurantes são nas pousadas, terá que sempre reservar em outra pousada pela manhã o seu jantar, que será às 19:30 juntamente com os demais hóspedes e custará mais caro do que se incluir no pacote.
Um jantar avulso na Pousada Acuarela (+58-212-9534235/212-9528722), vencedora do travellers’ choice deste ano, onde fiquei, custava VEB 400,00 por pessoa. Assim, o melhor é se informar e ficar numa pousada que seja conveniente e tenha boa comida. Eu jantei três noites na Acuarela e três noites na Natura Viva, que é do mesmo dono e em ambas as refeições estiveram acima das minhas expectativas.
Pensando no blog circulei por algumas pousadas bem cotadas nos sites de buscas. Todas elas (Acuarela, NaturaViva, Caracol, Cigallas, Mediterranea, além da novíssima Tsunami) me pareceram muito bem cuidadas e semelhantes em termos de conforto. Vá esperando algo simples, mas limpo e com conforto semelhante ao das pousadas médias no litoral norte de São Paulo ou daquelas em regiões do nordeste não muito badaladas. A pior parte é a água que quando muito é morna e nessa temperatura disponível apenas entre 17:00 e 19:00. Eu sempre acho as toalhas um problema em pousadas e mesmo em muitos hotéis (pequenas demais), o que não dá para entender nesse caso, pois as que ofereciam para levar à praia eram grandes e de boa qualidade.
Os passeios são diversos e se pode escolher entre alugar uma lancha ou usar as lanchas coletivas que seguem alguns itinerários. As coletivas saem para vários lugares, deixam as pessoas no local e buscam na hora combinada (custam entre VEB 70,00 e 150,00). Existem ainda passeios coletivos que passam por alguns lugares e custam entre VEB 150,00 e 220,00, por pessoa. Uma lancha privada custa  VEB 2.000,00 para até 12 pessoas e é uma ótima opção para quem estiver em grupo, pois fica livre com horários e escolhe aonde quer ir. No preço das lanchas, coletivas ou privadas, está incluído o fornecimento de guarda sois e cadeiras.
O que levar para a praia? É indispensável ter muito protetor solar, pois a única sombra disponível é a do guarda sol. Quase não chove no arquipélago e o vento que é constante faz com que não se perceba muito o calor, o que é agradável, mas pode levar a descuidos. É muito providencial levar papete  ou tênis de neoprene, porque algumas praias têm muitos cacos de conchas e espinhos. Você pode alugar snorkel e nadadeira, mas se sentir mais confortável leve o seu, porque não dá para perder o fundo do mar. Pense que passará o dia na praia.
Não fui incomodada por mosquitos, mas me disseram que nem sempre é tranquilo. Então é bom ter repelente também.
Precisa-se de um agente  de viagens? Pode-se fazer as reservas de hotéis e voos por agências, que basicamente vão entrar em contato com as pousadas e delegar as reservas dos voos. Alguns pacotes dizem incluir os tranfers, mas na verdade esses são só para as ilhas próximas, que são as menos legais e mais cheias.
Não acho que vale a pena incluir os transfers com lanchas e nem utilizar uma agência. É fácil contatar as pousadas e pedir que reservem os voos. Se não quiser arriscar a ir sem reservas, ao menos insista com a pousada para pagar somente a metade pelo paypal e o final lá em bolivares, já trocados no câmbio paralelo.
Acesso à internet, telefone, etc.Com o Blackberry o acesso foi fácil em Gran Roque e nas ilhas próximas. A Posada Acuarela tem wifi grátis, mas é lento.
Transporte. TAM, Gol e Avianca voam para Caracas. As duas primeiras têm voos diretos e a última via Bogotá. A maioria das pessoas que encontrei tinha conseguido passagens com milhas pela TAM e GOL. Sempre é bom lembrar que o programa da TAM garante para o Brasil e América do Sul a reserva com milhas se houver assentos disponíveis pagantes no voo. Para Caracas são 40 milhas para ida e volta e com sorte pode-se conseguir uma promoção de 30 mil milhas.

 

  Os voos de Caracas para lá são de dar medo, ainda mais quando se pensa  num país como a Venezuela atual. Difícil acreditar que a manutenção dos aviões     seja cobrada pelas autoridades.Você terá que confiar que as companhias aéreas locais prezam por isto ou então não vá.
São 3 cias aéreas regulares: Aerotuy, Chapi e Albatros. A Aerotuy possui aviões maiores, de 45 lugares, e talvez dê sensação de maior segurança. Eu diria que é só sensação. Os aviões menores são mais baratos de serem mantidos e têm maior dirigibilidade em caso de necessidade de um pouso forçado. Essa companhia, Aerotuy, também é considerada a menos pontual e na quarta-feira de carnaval cancelou os dois voos da tarde, deixando 90 pessoas sem volta. Sem contar o voo da manhã que decolou de Gran Roque as 17h40. Usamos a Chapi que tem dois aviões, um de 14 lugares e outro de 8 lugares. Foi pontual nos nossos voos e não soubemos de nenhum grande atraso nos dias que estivemos lá.

 

Passeios
É muito importante programar os passeios com antecedência para fazer um roteiro de visitas. Para aproveitar o máximo o tempo disponível, exceto no dia da chegada e da partida, alugamos uma lancha (Willian 0058141479990686) e seguimos o seguinte roteiro:
1. Dos Mosquises, Cayo d’Agua e Bequeve. Em Dos Mosquises se encontra a Fundação Científica de Los Roques, que tem um programa de conservação de tartarugas marinhas, e também se localiza o sítio arqueológico mais importante do Caribe. A ida até o local vale porque é próximo a Cayo d’Agua, mas a visitação à fundação é um pouco sem graça.
Depois da visita a ilha, nos instalamos em Cayo d’Agua, um dos cartões postais de Los Roques. Tem um istmo de areia que une o cayo a Ponta Del Coco e é um de seus grandes atrativos.
Há dois pontos para snorkel e praia virada para os dois lados do cayo.
No retorno passamos por Bequevé que, junto com Cayo d’Agua, forma um conjunto em forma de atol. Tem pouca praia e é mais apropriado para snorkel e para ver os pássaros da região.
2. Boca de Cote, Palafito e Noronquis de Medio. Boca de Cote  é a abertura existente entre Cayo Sal e Nube Verde, que comunica a enseada interna de Los Roques com as águas profundas do seu exterior. É um verdadeiro aquário. Lugar ideal para snorkel e mergulho com cilindro. Não tem praia. Fizemos snorkel por uma hora e depois seguimos para o centro da enseada onde fica Palafito.
Palafito nada mais é do que uma construção suspensa na parte da enseada central de Los Roques e é parada obrigatória para ver o refúgio temporário de pescadores. Em seus bancos de areia é possível se observar muitas estrelas do mar. Também na parte central dá para ver ilhas sem praias, cobertas de vegetação densa que formam canais, com fundo de areia, propícios para ver estrelas do mar e moluscos nas suas conchas.
Noronquises é formada por três Cayos (de cima, do meio e debaixo), que formam uma bahia. Nesse primeiro dia, Noronquis do meio foi a praia escolhida para passarmos o restante do dia, após os snorkels.
3. Noronquis de baixo e Crasqui.Noronquis de baixo é a mais frequentada por conta de ser possível nadar com tartarugas marinhas, conseguimos ver uma.
Passamos o restante do dia em Crasqui, que não recomendo. Ilha das mais extensas é também a mais escolhida para parada de embarcações. Apesar de bonita, tem até um pequeno camping e não dá a sensação de se estar isolado, como nos demais lugares. É possível fazer snorkel, mas não achei sensacional.
4. Sarqui e Carenero. Sarqui foi o lugar onde mais vimos tartarugas marinhas (três). Bom para snorkel também. A ilha é pequena e a praia é linda.

Carenero, foto abaixo, é espetacular, com muitas piscinas naturais.

5. Sebastopol, Cayo Muerto.Sebastopol fica no extremo sul da barreira do leste e é um dos lugares mais selvagens de Los Roques. Não tem praias e sim bancos de areia rodeados de arrecifes. É um espetáculo e acho que o lugar mais bonito que visitei. Também é propício para a prática de kitesurf. Ficamos lá até às 14:00 e na ida para Cayo Muerto fizemos snorkel em um naufrágio perdido na imensidão.
Cayo Muerto é um  banco de areia muito pequeno e paradisíaco. Ficamos somente nós das 15:00 às 16:30.
 No dia em que chegamos, visitamos Madrisqui, que é próxima de Gran Roque. Essa ilha tem praia extensa, de águas tranquilas e pouco profundas, de onde se tem uma ótima vista de Gran Roque. Tem um arrecife para snorking ao norte e ao sul se pode cruzar para Cayo Pirata, caminhando sobre um istmo de areia. Tentamos ir, mas sem sapato apropriado ficou difícil e voltamos.
No último dia, como o nosso avião somente decolava as 16:00 e teríamos que estar na pousada às 14:00, fomos para Francisquises que é uma formação de três Cayos.
É o melhor local para esportes náuticos (kitesurf, windsurf  e surf). Fica próximo a Gran Roque e em Francisqui de baixo tem um restaurante, bem legal para os padrões locais, e também é apropriada para a prática de snorkel.
Em resumo, o dia começa e termina lindo em Los Roques, mas, como é possível perceber, é essencial gostar de praia para colocar o lugar como destino de viagem. 
As pessoas são agradáveis, as pousadas organizadas e mantêm a higiene em dia e os horários, no nosso caso, foram cumpridos.
 O destino é ideal para casais, amigos ou a família inteira. 
Vale a viagem!
 

 

Veja também:

Matéria relacionada ao posthttp://viajeaqui.abril.com.br/materias/los-roques-venezuela
 
Blog relacionado ao post www.welcometomargarita.blogspot.com

Contatos:
Luigi Corallo (Gerente de Operaciones CCS/Posada Acuarela & Posada Natura Viva)
Telf. +58-212-9534235/212 -9528722/Telf. +58-414-1800514 / 424-2161652
Telf. +58-237-2211456/237-2211035 www.posadaacuarela.com MSN: posadaacuarela@hotmail.com
Lancha: Willian +58-141-479990686
Transfer Maiquetia +584142149755

 

Referências:
Livro:Los Roques desde el aire, la arena y el agua. Frederico Cabello Álvarez. p. 8.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Cayo acesso em: 7.3.13

 

By | 2015-09-10T10:05:10+00:00 março 15th, 2013|Am. do Sul, Bolívia, Colômbia, Equador, Peru, Venezuela|3 Comments

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  1. […] com a primeira postagem em 15 de março de 2013, sobre a sua estada, com marido, filha e amigos, em Los Roques, na Venezuela,  no Carnaval de 2013, logo depois de passar o Natal e Reveillon com a família toda […]

  2. […] pouco mais de Los Roques. Se você gostou da nossa postagem sobre Los Roques aqui no site ou se esse é seu próximo destino, não deixe de conferir matéria do suplemento de […]

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