Longas férias parte 5 – Camboja

por Jaqueline Furrier
colaboração Merillyn Reis

Este post traz a continuação da viagem ao sudeste asiático, realizada em janeiro de 2014, já pauta de outras quatro matérias publicadas: três sobre o Vietnã e uma sobre Dubai (veja abaixo). Agora é a vez de falar sobre Siem Reap, no Camboja, por onde pedalamos entre templos por três dias. Essa estada fez parte do tour privado, que contratamos com a Backroads. Como já comentado nas outras postagens, éramos 24 amigos e todos adoraram a aventura.

Para ver os posts anteriores sobre essas férias, clique:
Dubai
Saigon e Hanói
Ha Long Bay

Hué e Hoi An

O Camboja atual é uma parte do que foi o Império Khmer. Durante o período angkoriano (século IX a XV), dominava muito do que é hoje Laos, Tailândia e Vietnã. Angkor Thom, onde hoje é Siem Reap, foi a capital mais importante desse império, nesse período.


Devido a isso, Siemp Reap, com seus incontáveis templos, é a cidade mais turística do Camboja. O templo mais conhecido, Angkor Watconstruído entre 1113 a 1150, assim como Angkor Thom, é patrimônio da humanidade pela Unesco. A cidade conta com mais de mil templos dessa época. 
 
Importante notar que, embora a Angkor fosse uma das maiores cidades do mundo antes da revolução industrial, tudo o que restou foram os seus templos. A razão disso é que todos os edifícios não religiosos da época angkoriana eram construídos com materiais perecíveis, pois somente os deuses podiam residir em edifícios de pedra. A religião também não foi única durante todo o período. Havia cultos aos ancestrais e à língua, hinduísmos e budismo.

 

 
A melhor época para visitar o país é de novembro a março, quando o clima é seco e a temperatura varia entre 20 e 28 graus.


A cidade em si não é bonita, mas muito interessante pela diversidade de turistas. Recebe de backpackers  a top classviajantes, para os quais há hotéis de todas as categorias. Por outro lado, seus templos nos arredores são de uma grandiosidade ímpar.
 
Esse arredores da cidade e seus templos são ótimos para serem explorados de bicicleta e foi isso o que fizemos. Vale ir visitar alguns templos pedalando, mesmo que seja por um dia. Se estiver num bom hotel, indicarão agências que organizam tais programas. 

O guia Lonely Planet recomenda a Quad Biking. Se quiser se programar desde o Brasil, pode contatar também a Trails of Indochina, que foi a agência local que usamos para todos os programas e reservas que não faziam parte do pacote da Backroads, e nos atendeu muitíssimo bem. Essa é também a agência local que dá apoio à Backroads.
No nosso sexto dia da parte da viagem feita sobre duas rodas, partimos no final do dia de Hoi An, no Vietnã (ver postagem anterior),  e chegamos por volta das 20:00 em Siem Reap. O Vietnã e, sobretudo, a Tailândia são as principias portas de entrada do Camboja. 

O visto pode ser conseguido no desembarque, mas fizemos, online, antes de sair do Brasil e isto nos salvou da fila na chegada. É muito fácil preencher o formulário e depois se recebe o visto por e-mail. As informações estão disponíveis no site da Embaixada e também no fim deste post.

 
O aeroporto é muito próximo do centro e às 9:00 já estávamos no Raffles Grand Hotel d’Angkor. Hotel histórico, de 1929, dá ao viajante atual alguma pista de como era o turismo na era colonial, um charme! Tem uma piscina incrível, mas, embora o hotel e os quartos tenham sido reformados, os banheiros não são muito atuais.

 

 
A cidade oferece muitas opções de hotel de luxo, entre eles, o boutique hotel Shinta Mani, com arquitetura moderna e decoração idem, com toque Khmer. Visitei a área social, após o jantar no restaurante do hotel, Kroya, aliás, muito bom. Serve comida contemporânea e khmer e tem na área externa cinco “camas suspensas”, onde se acomodam até quatro pessoas. Um charme. Reserve uma delas.

 

 
Outra opção de luxo é o Amansara, localizado na antiga residência de Norodom Sihanouk, rei do Camboja entre 1941 e 1955 e 1993 e 2004. Visitei a parte social, quando jantei na segunda noite no restaurante de mesmo nome. O restaurante, assim como o hotel, tem ambiente sofisticado e clean. Éramos seis pessoas e tanto os pratos de cozinha internacional como os da cozinha Khmer estavam excelentes. Só aceitam não hóspedes como exceção, então não arrisque ir sem reservar.

 


Os três hotéis acima citados ficam próximos ao Jardim Real, área que, embora central, é mais tranquila.
 
Mais próximo da área central de lojas está localizado o luxuoso Park Hyatt, recém inaugurado depois da total reforma do histórico Hotel de La Paix. Almocei um dia no The Living Room, localizado no seu lounge e vi que cada detalhe foi pensado, tudo muito elegante. 

Foto obtida em: http://www.travelweekly.com/Hotels/Siem-Reap-Cambodia/Park-Hyatt-Siem-Reap-p4588467


O Hotel também abriga o restaurante The Dining Room, aberto apenas para para café da manhã e jantar, e a patisserie The Glasshouse Deli, que serve sanduíches e outras comidinhas e tem entrada também pelo Boulevard Sivutha. Esse hotel acabou de ser incluído na lista da Condè Nast entre os melhores novos hotéis do mundo, com ressalva para o seu restaurante.

Foto obtida em: http://siemreap.park.hyatt.com/en/hotel/dining/the-glass-house-deli-patisserie.html

A cidade tem, ainda, outras opções de hotéis boutiques por preços bastante razoáveis. Vale a pena pesquisar se não quiser gastar muito. De qualquer maneira, o preço dos hotéis de luxo, se comparados aos preços do Brasil ou da Europa, são uma pechincha.
 
Em termos de restaurante também há muitas escolhas. Infelizmente, o tempo foi curto e como dois almoços foram providenciados pela Backroads em casas de famílias, que residem nas áreas rurais que visitamos, não deu para investigar muito o assunto.
 
Observei, contudo, que há vários restaurantes charmosos, nas pequenas vielas próximas a Pub Street, quando por lá andei.


Os guias da Backroads recomendam os seguintes lugares e deles são as observações: AHA, atmosfera chique e tapas de inspiração fusion;
Café Central, comida ocidental perto do antigo mercado;
FCC, mesas no jardim com vista para o rio e menu ocidental e oriental;
The Red Piano, um dos locais mais populares da cidade, com mesas internas e externas e menu ocidental e oriental;
Square 24, cozinha local servida num bonito jardim; 
Viroth´s, situado em um hotel boutique muito charmoso é conhecido como um dos melhores restaurantes da cidade por quase 10 anos;
The Bule Pumpkincafé, perto do mercado antigo.
 
A melhor foma de locomoção é com remorks (nome dos tuk-tuk no Camboja) e a tarifa é de USD 1 por pessoa, para qualquer local da cidade. Fiz um passeio de mais de uma hora com minha filha e paguei USD 5. Recomenda-se, contudo, verificar o preço antes. Para extremos da cidade, vão pedir USD 2.


Para compras, vale conferir os seguintes endereços: 
 
Artisans d’Angkora mais prestigiada loja da cidade. Diferentes itens (de roupa a joias) com design local e francês.Imperdível;
Eric Raisinaroupas de design de excelente qualidade. Nada baratas, mas divinas!
Jasmineroupas de seda, dentro do shopping FCC;
McDermott Galleryfotos incríveis, vários locais na cidade;
Smateriabolsas de design italiano, feitas no Camboja;
Senteurs d’Angkor Shopum pouco de tudo, de souvenires a seda;

Histoire d’Angkor, principalmente lenços e bijuterias em seda e prata;

Wild Poppy, roupas transadas com ótimo preço.

      


Roteiro: 
 
O nosso primeiro dia em Siem Reap (7º do pedal) começou com um traslado de 20min até o guichê de compras do ticket para os templos de Angkor. Como é necessário que cada turista porte um crachá-ticket com sua foto quando visita os templos, mesmo que tenha comprado um pacote que inclua os tickets (como era nosso caso), terá que fazer isto no primeiro dia. São três opções de ticket:

1. Um dia:US$ 20
2. Três dias de visita, válido por uma semana: US$ 40 
3. Sete dias de visita, válido por um mês: US$ 60



Com os nossos crachás em mãos, seguimos até os arredores da cidade, onde nossas bicicletas, dessa vez mountain bikes, nos aguardavam.

O percurso do dia era de 38 km. A primeira etapa foi de apenas 9,5 km até o Templo Ta Prohm, passando pela entrada Ban Teay Kdei (templo Budista do final do século XII).


 

Em Ta Prohm, começamos a visita guiada pelo portão oeste e cruzamos todo o complexo até encontrarmos nossas bikes no portão leste. A visita demorou mais ou menos uma hora. É uma das atrações imperdíveis de Siem Reap. A construção foi tomada por árvores e, embora hoje só reste aquelas que não puderam ser cortadas, dá uma ideia de como  se encontravam os templos quando descobertos pelos franceses.



Ta Prohm foi construído em 1186, como templo budista, dedicado à mãe do rei Jayavsrman. É conhecido como o templo das torres e um dos mais famosos lugares do templo é aquele onde a personagem Lara Croft, do filme Tomb Raider, colheu uma flor de jasmim antes de entrar na terra.

Após o a visita, o percurso de bicicleta foi por rotas menos congestionadas de turistas. Passamos pela barragem de  Srah Srang, (1100 AD)  e em frente aos templos Pre Rup, (961 AD) e Maon (952 AD). Cruzamos o rio, por onde flutuaram as pedras que foram usadas nas construções, e continuamos a rota, passando ainda defronte ao templos Ta Som (1100 AD), Neak Pean, Preah Khan (1100 AD), e pelo portão norte de Angkor Thom (1100 AD), num total de mais 14 km.

Pre Rup



Próximo ao portão de Angkor Thom há um local onde monges dão bençãos tornando muita água sobre as pessoas enquanto entoam mantra. Uma oportunidade única, mesmo para quem não é muito espiritualizado. É um ritual solene que os locais fazem para trazer sorte, então não custa nada tentar…



Depois da benção pedalamos menos de 2 km até o complexo do Templo de Bayon, passando pelo Terraço de Elefantes. Com seus 350 metros de extensão, era usado como palco para cerimônias públicas e como um grande hall para audiências com o rei. 

Seguimos por mais 3 km até uma das entradas do complexo do Templo de Bayon, outro que não pode deixar de ser visitado.

 

O Templo fica dentro de Angkor Tohm, conhecida como a cidade fortificada de Angkor, a última grande capital do Império Khmer. São mais de 10 km2, construídos entre 1181 e 1219, depois de um ataque dos Chams. Estudos mostram que a cidade chegou a ter mais de 1 milhão de habitantes o que a colocaria como a mais populosa do mundo naquela época.

O Templo de Bayon foi construído pelo lendário rei Jayaverman VII e sua arquitetura traz 54 torres góticas decoradas com 216 enormes faces que olham para baixo de qualquer Ângulo que se veja, como se nada escapasse aos olhos do rei.



Depois de uma hora de visitação, pedalamos somente mais 3 km até uma pequena chácara,onde os residentes nos esperavam com um almoço khmer.

O local era muito simples, mas a comida estava muito boa.Sentamos no chão sobre esteiras como fazem os locais. Esse é o tipo de programa que só se consegue fazer em uma viagem de imersão. Eu gosto muito, embora entenda que não agrade a todos. Quem quisesse podia optar por regressar ao hotel de van antes ou depois do almoço.

 
Para quem optou por voltar a cidade pedalando após o almoço, foram mais 10 km, com opção de fazer uma visita guiada pelo memorial aos que foram mortos pelo Khmer Rouge, que governou o país entre 1975 e 1979.
 
O Killing Fields Memorial fica na cidade junto ao Wat Thmei. há uma pequena estupa com ossos das vítimas. O nosso guia local, Borin, da Trails of Indochina, nos contou um pouco sobre a recente e sangrenta história do país. O filme The Killing Fields, de 1984, é considerado bem realista quanto ao regime imposto pelo Khmer Rouge e, para aqueles que têm estômago forte, vale ser visto antes da viagem.



Mesmo fazendo o tour pelo memorial, chegamos ao hotel por volta das 16:00 com tempo suficiente para um banho de piscina e saída para compras no Artisans d’Angkor, onde é possível adquirir todo tipo de artesanato de excelente qualidade e design. Além da loja, há salas com exposição de como o trabalho artesanal é desenvolvido. 

Como constou no início deste post, nessa noite jantamos em seis pessoas no restaurante do hotel Amansara.

No nosso penúltimo dia de viagem (8º do pedal), saímos pedalando do hotel às 9:00 para um percurso de 40.5 ou 52.2 km. 



Saindo da cidade, nosso trajeto se deu basicamente por áreas rurais, onde vimos pouquíssimos turistas, lindas paisagens e, por todo lado, crianças locais curiosas nos dando tchau. 





Após 33.2 km chegamos ao Templo de Bakong, do século IX. Esse foi o primeiro templo construído de sandstone na região de Angkor, quando a capital ainda era Hariharalaya, e era dedicado a Shiva. Está fora do circuito turístico mais popular, mas é muito legal, principalmente por passar por vilas e lugares pouco explorados pelo turista comum. Hoje está dentro de um complexo budista.

 


De lá, foram mais 7 km até o local do almoço que, mais uma vez, foi na casa de locais e novamente a comida khmer “caseira” estava muito boa. Depois do almoço, a opção era pedalar mais 11.7 km até o hotel ou regressar de van, que foi o que fiz.

Voltando de van deu tempo de passear por algumas lojas próximas ao hotel e pelo centro comercial da cidade, próximo ao Mercado Antigo. Nessa área central  há uma grande concentração de lojas, restaurantes e spas para todos os estilos e bolsos. As recomendações de lojas estão acima, mas nem sequer entrei no mercado.

Como essa era a última noite, o grupo se reuniu no bar do hotel para drinks e depois jantamos todos no restaurante Apsara Terrace do próprio hotel. 



O restaurante só funciona para jantar no sistema buffet e é bastante conhecido por apresentar show de dança e arte marcial khmer. O buffet funciona em ilhas e como muitas coisas são preparadas na hora a pedido do cliente dá para encarar, mesmo se, como eu, detestar.




O último dia de bike da nossa longa viagem foi curto, pois a prioridade do dia era a vista a Angkor Wat, o mais conhecido templo de Siem Reap



Do hotel até lá foram somente 6 km. Saímos pedalando às 9:00 e, assim, chegamos ao local quando a maioria dos turistas que vão visitar o templo no nascer do sol estavam deixando o local. Esse horário, entre as 9:30 e 11:00 é, segundo os guias da Backroads, menos movimentado e eu de fato esperava mais gente.

 


Foi muito legal eles terem deixado a maior atração para o final, pois deu-nos a oportunidade de apreciar os outros templos sem comparações com esse que é considerado uma das grandes construções da humanidade e a maior construção religiosa do mundo.


Angkor Wat é o símbolo do país e motivo de orgulho dos cambojanos. Epicentro do Império Khmer, diferentemente dos demais templos nunca foi abandonado, tendo continuamente, desde sua fundação, sido usado como templo.


Há estudos que afirmam que além de templo foi construído como mausoléu de Suryavarman II. Isso se dá devido a sua orientação para oeste, o que normalmente está relacionado à morte, e ainda porque alguns baixo relevos foram feitos para se ver na direção anti horária, o que está relacionado a rituais funerários indus, religião nele praticada na sua origem. Posteriormente o templo se tornou budista e assim é até os dias atuais.

O local é cheio de simbolismo. Da arquitetura, com sua planta replicando, como os demais templos, o “universo” em miniatura, suas galerias e os milhares de baixo relevos das paredes, tudo é grandioso. A nossa visita guiada demorou mais ou menos duas horas, mas é possível ficar lá o dia todo.


A volta para o hotel pedalando por mais 20 km foi ótima para nos despedirmos dos templos, pois passava defronte a diversos deles.

Os serviços da Backroads terminaram às 12:00, mas como nosso voo para Luang Prabang (tema da próxima postagem) era somente às 17:00, tivemos tempo de fazer um tour de tuk-tuk pela cidade almoçar no Park Hyatt e, ainda, visitar o Museu Nacional de Angkor, que fica atrás do nosso hotel.

 

A sala dos 1.000 budas já vale a visita, mas toda a mostra é bem montada e dá uma boa aula sobre o Império Khmer e a época angkoriana. Passamos mais ou menos uma hora no museu, mas tem assunto para mais uma.

A minha impressão final é de que Siem Reap é um destino para se retornar. Sempre haverá algo ainda não visto e as ofertas da cidade de hotéis, restaurantes e compras cresce como nunca. Então, até breve!




Sobre o visto:

– O visto é válido por 3 meses a partir da data de emissão. É permitida a permanência por 30 dias, inciando a contagem na data da entrada.

– O e-Visa é válido para entrar no Camboja via dois aeroportos internacionais (Phnom Penh and Siem Reap international airports) e três pontos por terra: Poi Pet e Chamyeam, fronteiras com a Tailândia, e  Bavet, fronteira com o Vietnã;

– O endereço para solicitar o visto online (e-Visa) é http://evisa.mfaic.gov.kh/

– Contatos: NOP Chanvannak (Mr.), e-Visa Bureau Chief, Legal and Consular Department, Ministry of Foreign Affairs and International Cooperation, No.3, Samdech Hun Sen Street, Sangkat Tonle Bassac, Khan Chamcar Mon, Phnom Penh, Kingdom of Cambodia
Tel      : (855) 23 – 224 973, Cell phone: (855) 88 8118 999
Fax     : (855) 23 – 224 972
E-mail: chanvannak@mfaic.gov.kh, nopchanvannak@yahoo.com
http://www.mfaic.gov.kh

By | 2016-09-25T08:53:05+00:00 maio 2nd, 2014|Ásia, Sudeste Asiático|2 Comments

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  1. […] compras é sem dúvida um dos programas de quem vai de férias ao Camboja (tema de post aqui). Esta matéria do NYT traz uma seleção de lojas que vai muito além das tradicionais lojinhas de […]

  2. […] 1. Dubai; 2. Saigon (Ho chi minh) e Hanói; 3. Ha Long Bay; 4. Hué e Hoi An; 5. Camboja. […]

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