Feriado no Beach Park

por Jaqueline Furrier
colaboração de Mel Reis
 


Tenho a proposta de uma vez por ano fazer uma viagem só com minha filha, hoje com cinco anos. Para acomodar essa curtição no meu calendário anual de férias, não pode ser nada muito longo, mas tem que ser tempo suficiente para que possamos dividir algumas aventuras e para que eu possa, mesmo fazendo programas infantis, apresentar o mundo do meu particular ponto de vista.


Isto pode ser um desafio, pois não consigo me sujeitar a muitos programas que todos me dizem que crianças adoram e que é um sossego para os pais. Um exemplo disso são os grandes resorts com monitores e atividades sem fim para crianças e adultos também. 

Nada contra infra estrutura e opções de lazer, mas isso muitas vezes significa música alta de mau gosto na piscina, restaurantes somente com opção de buffets e crianças dos outros correndo de um lado para outro do café da manhã ao jantar. Para mim um horror!

Muitos amigos e minhas irmãs sempre teimaram em me dizer que eu não escaparia. No entanto, como sou teimosa e gosto de desafios, mesmo nessas viagens, que faço somente eu e minha filha, ainda não me sucumbi, ao menos totalmente, ao esquema  “resort”.

No ano passado essa viagem de “meninas” foi uma visita de quatro dias à Disney. Ficamos dentro do complexo Disney e somente fomos às atrações que interessavam a uma menina de quatro anos, sem nenhum dia de compra em Orlando. De lá, seguimos para  mais quatro dias em Vermont para visitar uma amiga querida, onde minha filha brincou com cachorros, colheu blueberries, remou caiaque e navegou de veleiro, com direito a banho no Lago Chaplain, que congela no inverno.

As férias deste ano, que é o assunto desta postagem, foram de apenas cinco dias no Ceará, incluindo três dias de Beach Park, sem que nos hospedássemos nos hotéis do complexo que, como eu imaginava e constatei pelo site, são cópia fiel dos horrores que citei acima.



Como eu não tinha muitos dias de férias, decidi usar o feriado de 9 de julho para essa viagem e, por ser curto o tempo, um destino no Brasil me pareceu a melhor opção. No entanto, as opções em nosso país nessa época do ano me desanimam – frio no sul e chuva no nordeste. Pesquisando me dei conta que o Estado do Ceará, sofre menos com as chuvas invernais que atingem em cheio a região Nordeste, mas, aonde ir?

Minha filha adora água, então pensei no Beach Park, mas ao entrar no site me desanimei com os hotéis. Embora todos os três do complexo, Beach Park Suítes, Beach Park Acqua e Oceani Resort pareçam muito confortáveis, a sensação que tive é de que seria um mar sem fim de crianças 24 horas por dias, restaurantes cheios e sem nenhuma opção de privacidade. Restaurantes a la carte, nem pensar! Sei que não aguentaria…

Mesmo assim não me dei por vencida e procurei no entorno outras opções de hotéis, sem ser me hospedar em Fortaleza. 

Acabei localizando pelo Guia 4 Rodas o Hotel Carmel Charme Resort, que apesar do nome me pareceu interessante, pois tem somente 35 apartamentos, um único restaurante e bar da piscina, ambos com serviço a la carte e nada de oferta de monitores para crianças  e dança na piscina. Pareceu-me o lugar ideal…


O Hotel havia sido escolhido como a novidade do ano de 2012 pelo mesmo Guia 4 Rodas e seu site informa que “Luxo, requinte e privacidade são as palavras que definem o Carmel Charme Resort”. O site ainda diz que o hotel “oferece um serviço diferenciado com todo o atendimento especial que seus hóspedes merecem” e que  Além dos “mimos’ é possível ainda se surpreender com a sofisticação de seus apartamentos e bangalôs com lençóis com fios importados.” 

Pela descrição me pareceu tentador, porque enfrentaria a maratona aquática do parque durante o dia, mas teria tranquilidade e bons serviços ao volta ao hotel.

De fato o hotel é bonito, muito bem equipado, com quartos espaçosos, bem decorados e confortáveis em todos os aspectos. Todos os apartamentos têm vista para o mar. Alguns são duplex e possuem hidromassagem. As áreas sociais, assim como os quartos, tem decoração contemporânea com pinceladas locais que deixam os espaços integrados ao entorno. As fotos do site são fiéis e em termos de decoração nota 10, tudo de muito bom gosto.



No entanto, não sei o que o site pretende informar dizendo que é um hotel de luxo e requinte, mas de forma alguma se pode ter essas palavras ao pé da letra. No quesito serviço, o local perde muitos pontos. Embora atencioso, no restaurante e no bar da piscina o serviço é demoradíssimo e confuso e a comida inconsistente. 


Para se ter ideia, no dia que cheguei, o sanduíche de carne de sol que pedi na piscina demorou uma hora para chegar. O restaurante que tem decoração muito bonita usa guardanapo de papel e do pequeno. Se pedir, os guardanapos de tecido aparecem. Onde estão requinte e luxo?

No jantar da terceira noite, pedi um vinho que nunca veio. O peixe dessa mesma noite estava muito melhor preparado do que o que pedi na segunda noite e ambos eram o mesmo peixe, com molhos levemente diferentes. Das opções de vinhos da carta muitos estavam em falta…

O local onde é servido o café da manhã tem bela vista do mar, a maioria dos itens é preparada no próprio hotel e o buffet tem boa apresentação, mas em nenhum dos quatro dias encontrei uma mesa totalmente montada. No primeiro dia faltavam as xícaras, no segundo, talheres e assim por diante… fora a demora nos itens a la carte (ovos, tapioca, waffle  etc…)

Para mim esse descuido com o serviço num hotel caro é um desastre, ainda maior quando se propõe ser de luxo. Diárias a partir de R$ 850,00, e comida com preço de restaurante top. Para se ter uma ideia, o item mais barato do cardápio era um espaguete a bolonhesa por R$ 42,00 e o mais caro uma calda de lagosta por R$ 100,00. Convenhamos que para o interior do Ceará não é barato.

Ou seja, consegui me livrar dos buffets dos hotéis do Beach Park e da confusão das suas centenas de quartos, mas fiquei frustrada com quesito requinte que o Carmel quer apresentar junto ao luxo e privacidade.


Uma pena, pois a localização é privilegiada para se conhecer a costa leste do Ceará, que tem sol o ano inteiro e é uma das mais belas do Brasil.

Apesar dos pesares, com certeza não tem nenhum outro hotel com a mesma estrutura e bom gosto na região. Mesmo com as críticas acima, não tenho dúvidas de que foi melhor do que ficar num dos hotéis do complexo Beach Park.

O hotel fica na praia do Barro Preto, no município de Aquiraz, a 40 km de Fortaleza. Se hospedando lá é possível agendar passeios por muitas das praias do litoral leste, até mesmo Canoa Quebrada, a 135 km. Uma opção mais próxima, que vale ser conhecida, é a praia do Morro Branco com suas falésias de areias coloridas. O taxista Assis Azevedo, que me atendeu com seu Doblô em duas das idas ao Beach Park pode ser contatado para esses e outros passeios (fone 0xx85 8504-2249 ou 9658-8449). Ele também faz atendimento em Fortaleza e pode te levar para todas as praias do Ceará.



Carmel Charme Resort também não é longe do Beach Park. São 30 km que se percorre em 30 minutos, ao preço de R$ 90,00 por apartamento, ida e volta, mesmo valor se contratar um táxi  O hotel agendou nossas idas ao parque e não tivemos problema algum. No caminho fica o Complexo Artesanal de Aquiraz, que visitei na minha volta ao aeroporto e é apenas ok.

Do aeroporto de Fortaleza e vice versa, o hotel nos ofereceu transfer por R$ 400,00, mas gastei R$ 130,00 cada perna de táxi.  O carro do ponto do aeroporto era novo e tinha ar condicionado. Combinei com o taxista Wagner (fone 0xx85 8821-6325), que me levou do aeroporto, o retorno e ele foi pontual.

Nós ficamos hospedados no hotel por quatro noites, mas aproveitamos bem cinco dias. Saímos de São Paulo numa sexta feira, às 8:20 (voo TAM) e chegamos no hotel por volta das 13:00. Foram as melhores opções que encontrei a partir de São Paulo, para aproveitar o dia da chegada e o último também, já que voltamos às 19:27 e chegamos às 23:00.


No dia da chegada, passamos o dia entre a piscina que é imensa e a praia. Não havia muitos hóspedes e a música ambiente é de ótima qualidade. No final do dia ainda aproveitamos um dos spas ao ar livre na área da piscina.



Os três dias seguintes foram dedicados ao Beach Park e no último ficamos na piscina do hotel, que nos deu late check-out para as 16:00, a tempo de chegar ao aeroporto para pegar o voo da TAM das 19:20.


Para as visitas ao Beach Park, saímos do hotel às 10:00, a tempo de chegar com folga antes das 11:00, que é o horário que as atrações do parque ficam liberadas, embora os portões abram mais cedo. 

No primeiro dia adquirimos ingressos para três dias, pois não existe a opção de comprar antecipadamente pelo site. Os tickets de múltiplos dias valem a pena se for mais de um dia consecutivo. O de três dias custa menos do que dois individuais. Adultos pagam R$ 155,00 e as crianças R$ 145,00. Com até 1 metro de altura têm acesso gratuito, acompanhada de adulto pagante. (R$ 155,00, para um dia, R$ 209,00 para três dias e R$ 219,00 para um semana). Ou seja, se for mais de um dia, compre o múltiplo. Atenção, o cartão American Express não é aceito.

Com 180 mil metros quadrados, o complexo abriga 55 mil metros quadrados de parque, quatro resorts, restaurante na praia e uma loja na beira do mar. Neste ano o parque aquático conta com 16 atrações ou um pouco mais, que são dividas em “radicais”, “moderadas” e “diversão tamanho família”.


O parque não é enorme e achei que faltam atrações para os pais e filhos se divertirem juntos, se a criança tiver menos de 1,40m. As áreas dedicadas a crianças até essa altura são bonitas, lúdicas, mas os adultos apenas observam. Dá para ver que o parque está em constante atualização (veja o mapa do parque), com um brinquedo em construção e uma área nova para crianças pequenas, “espaço circo”, com piso emborrachado, mais tecnológico, diferente das outras áreas que somente receberam tinta emborrachada sobre cimento.

Três dias são mais do que suficiente, principalmente se as crianças forem pequenas.

Achei os únicos dois banheiros muito pequenos para o enorme público que recebe. Também são constantes e enormes as filas para recarregar os créditos do cartão de consumo, que é o único aceito dentro do parque.

Assim, calcule o que vai gastar e coloque todo o valor logo que enfrentar a fila de compra de ingressos. Também adquira os armários pelo número de dias, para evitar filas. O valor que sobrar no cartão de consumo, mais aquele de caução da chave do armário, é devolvido no final, mas terá que enfrentar outra fila. Fique atento, pois na saída do parque a bilheteria também faz essa troca do saldo e estava vazia no dia que finalizamos as visitas, enquanto a interna tinha uma fila enorme. 

Também achei a sinalização indicativa ruim tantos para os quiosques de alimentação, como para atrações, banheiros etc…

As opções de comida na parte interna do parque também se resumem a quiosques de lanches (burguer, hot dog, kebab, sorvetes e salgadinhos) e um restaurante self-service.

A melhor opção sem dúvida é sair para almoçar na área da praia, na parte externa do parque, onde há um grande restaurante na areia, que pertence ao complexo e serve comidas tradicionais das barracas de praia do Ceará (caranguejo, camarão, peixes diversos etc…). Por incrível, mesmo sendo enorme tem 
serviço relativamente rápido e a comida é boa, com algumas opções de pratos para crianças.

Qualquer ingresso permite que se saia do parque para acessar essa área. Se estiver com ingresso de um dia terá que pegar o cartão de retorno na saída do parque, mas se o seu for múltiplo pode sair e entrar quantas vezes quiser sem pegar o cartão.

A barraca é uma só, mas se divide em duas. O Lounge Chandon, onde tem som de DJ (música brasileira e internacional de boa qualidade) e se paga couvert artístico de R$ 9,00, e a parte fora dessa área. O cardápio em ambos os espaços é igual. No louge, em razão da cobrança do couvert artístico, é mais fácil de conseguir lugar. Almocei todos os dias nessa área e foi uma boa trégua das mil águas e pessoas do parque. 


Se puder optar, escolha ir ao parque fora do final de semana. Nós fomos num sábado, domingo e segunda-feira e nesse último dia não tinha nem a metade das pessoas do sábado.

Outra dica é fugir dos banheiros do parque próximo ao horário de fechamento, são super lotados. Saia e use o banheiro das barracas que são bem próximos à saída e nesse horário já vão estar limpos e vazios.


De qualquer maneira, essas fugidas com a minha filha sempre são uma chance de passar mais tempo com ela e momentos só nossos.
Foi mais um passeio divertido e mais uma recordação para guardarmos. 


By | 2014-06-26T14:09:25+00:00 julho 19th, 2013|Am. do Sul, Brasil, Nordeste|1 Comment

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One Comment

  1. André 05/09/2013 at 20:39

    A terra dos piratas!

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