Catalunha dos Pirineus à Costa Brava

Catalunha dos Pirineus à Costa Brava

por Jaqueline Furrier
colaboração de Mel Reis

Acabei de voltar da Catalunhae, apesar da crise na Espanha, surpreendi-me mais uma vez com o potencial turístico daquela província e a beleza e diversidade da sua capital, Barcelona, cidade que já havia visitado duas outras vezes, em 1989 e 2002.

A viagem de doze dias, acompanhada de meu marido, de minha filha de cinco anos e da Ângela, que me ajuda nas viagens, foi variada em todos os sentidos: passamos um final de semana em Andorra, principado que não conhecia; fizemos uma viagem de cinco dias de bicicleta pelos Pirineus e Costa Brava; tour gastronômico em Girona e região e, ainda, aproveitamos três dias em Barcelona.

Esta postagem é dedicada a Andorra, aos tour de bike e gastronômico. Barcelona ficará para a próxima sexta (5.07). Portanto,  não deixe de conferir a postagem da semana que vem, com boas dicas da capital espanhola. Aproveite!

 

Viajamos pela Singapore Airlines, que tem voos diretos de São Paulo para Barcelona às 17:40 e chegamos às 9:50 (11:10 de voo). O voo noturno nos permitiu aproveitar o dia da chegada plenamente. Por outro lado, o da volta é diurno, parte às 10:00 e chega às 16:10, e faz com que se perca um dia da viagem se seus dias forem contados. Eu particularmente não me importo e acho que ajuda na adaptação do fuso horário.
Foi a minha primeira viagem por essa companhia aérea e com certeza o melhor atendimento e conforto que já desfrutei numa viagem internacional.  Tanto na classe business, que voei com meu marido, como na econômica o serviço e conforto excederam as expectativas. Com as mudanças de regras do programa de milhagem da TAM e a saída dessa companhia da Star Alliance, estou pensando em mudar de programa e usar Barcelona como hub para as próximas viagens à Europa, voando Singapore.
Como foram vários os programas da viagem, vou dividir esta postagem por eles e não por dia, como nas anteriores. Assim, você leitor pode consultar o que for do seu interesse: Final de Semana em Andorra,Tour de Bicicleta e Roteiro Gastronômico.
Final de Semana em Andorra

Esse pequeno enclave nos Pirineus pode valer a visita por vários motivos. Único país do mundo cuja língua oficial é o catalão, recebe oito milhões de turistas por ano, que buscam principalmente seus 300 km de pistas de esqui e boas compras, devido a sua baixíssima taxação.O site oficial traz, ainda, várias opções de atividades ao ar livre.

 

O sexto menor país da Europa e segundo mais montanhoso (só perde para a Suíça), com altitude média de quase 2.000 metros, está situado entre montanhas escarpadas e se divide em seis parishes: Encamp, Ordino, La Massana, Sant Julià de Lòria, Escaldes-Engordany e Andorra la Vella, a capital.

Nós ficamos apenas dois dias, hospedados em Andorra La Vella, no Hotel Plaza. Esse hotel é bem localizado na região de compras da cidade, mas para um 5* tem serviço somente satisfatório. Da mesma rede é o Carlton Plaza, também na região de compras. Não espere, contudo encontrar nada muito luxuoso por lá.

Na primeira noite, após uma visita ao centro da cidade e algumas compras, jantamos na Taberna Angel Belmonto, que serve culinária local, e adoramos. A cidade não tem muitas atrações históricas, mas o cenário montanhoso tem seu charme.

 

A nossa intenção ao visitar o país nessa viagem era aproveitar com nossa filha o parque Naturlandia, onde se encontra o maior tobogã alpino do mundo, com 5.3 km, mas infelizmente devido ao mal tempo, fora de época, todas as suas atrações estavam fechadas. Entre elas estão o maior airtrek da Europa, uma trilha a 13.5 m de altitude, poneys etc… O site oficial ainda traz mais dois parques do mesmo gênero, que não visitamos. Então, se estiver com crianças terá com o que distraí-las.

 

Diante da impossibilidade de aproveitarmos Naturlandia,  fomos visitar as charmosas vilas de Ordino, onde fomos ao Museu de microminiatura, que expõe trabalhos que de tão pequenos se observa por meio de microscópio. No mesmo dia almoçamos no restaurante Moli dels Fanals, em La Massana. Adorei o restaurante de comida tradicional, instalada numa Borda, casa medieval de pedra, típica da região, com bela vista das montanhas. Nessa noite o jantar foi no restaurante Borda Estevet, recomendado pelo hotel como o melhor da região, mas achei caído e nem de longe tão bom quanto aos demais.
Apesar de termos nosso programa do parque frustrado, acho que a visita a Andorra valeu pena, já que estávamos na região. Com certeza não recomendaria uma viagem à Europa para conhecer esse país, mas se seu destino for o nordeste da Espanha, como era o nosso, ou o sudoeste da França, acho que não se arrependerá de dar uma passada por lá.
Ao menos uma vez por ano faço uma viagem de bicicleta. Já fiz esse tipo de programa de Praga a Viena, em Mendoza, de Bordeaux a Dordogne, pela costa sul da Irlanda, do norte da Itália a Eslovênia, pela Floresta Negra e Alsácia e dessa vez o destino escolhido foi pela região dos Pirineus e Costa Brava.

 

Como nas demais, com exceção de Mendoza e de Bordeaux a Dordogne, viajamos com a Backroads, tradicional operadora americana desse tipo de viagem, que recomendo muito pela organização, qualidade dos guias e roteiros. Quem gosta de atividade esportiva e estar ao ar livre e ainda não se aventurou nesse tipo de programa está perdendo uma maneira diferente de viajar. Eu faço as reservas diretamente com Kate Meyers, agente da Backroads. Se quiser, escreva um e-mail para ela em meu nome. Se preferir ela lhe telefonará.
Encanta-me conhecer com calma uma pequena região e a bicicleta permite isto. Mesmo sem muito treino é possível fazer os percursos, que em todos os roteiros trazem três opções diárias: curto, médio e longo. O grau de dificuldade depende da região escolhida. O dessa viagem variou de moderado a difícil. Todas as viagens pela Europa são de cinco noites e seis dias e, com tudo incluído, custam entre USD 3.500 a USD 4.500, dependendo do local e do nível dos hotéis. Na Backroads elas são classificadas como “premiere in” e “casual in”. Já fiz dos dois tipos e vale cada centavo.
Mesmo após a minha filha ter nascido não desisti das viagens de bicicleta. Por enquanto ela não pode participar ativamente da programação, mas eu reservo os mesmos hotéis e estou com ela pelas manhãs e noites. Se seus filhos têm mais do que seis anos, a agência oferece vários programas familiares que combinam bicicleta com outras atividades. Eu não vejo a hora de fazer esses programas com minha filha.
Esse roteiro teve início na Cerdanha, região dos Pirineus, de vales e platô verdes, dividida entre a França e a Espanha. Na parte espanhola compreende duas províncias, Lleida e Girona, e sempre se tem os picos nevados no horizonte.
Encontramos o grupo, composto de 22 pessoas (18 americanos, 1 casal canadense e nós), no horário do almoço, no restaurante Cal Cateri, em Pi, pequena vila medieval, como muitas daquelas paragens. Nós, que estávamos em Andorra até aquela manhã, fomos diretamente e o restante do grupo partiu junto de Barcelona. Quem nos buscou em Andorra e transportou minha filha pela região foi Jairo, motorista brasileiro que mora na Espanha há mais de dez anos e pode ser contatado pelo e-mail ou pelo telefone +34 620 516 512.
Depois do almoço, vieram as instruções de segurança e um resumo do que seria a semana. A seguir o grupo pode escolher entre 25.6 km ou 31.7 km até o hotel Torre del Remei, em Bolvir.
Eu sempre escolho os percursos menos cansativos ou os medianos para poder aproveitar um pouco do hotel, da companhia da minha filha e descansar. Nunca penso nos trajetos como desafio, mas apenas como uma forma de me locomover que me permite apreciar melhor o entorno. Sempre é possível, ainda, deixar de fazer uma parte. No meu caso, uso o carro de apoio para longas ou íngremes subidas. Embora devesse, nem sequer me preparo para essas viagens. Tenho um condicionamento físico razoável, mas treino de bicicleta eu não faço.
O percurso até o hotel, pelo pé do Parque Natural del Cadi- Moixeró, no levou por meio de paisagens variadas: pequenas florestas, bosques, campos de golfe e cruzou pequenas vilas medievais. O hotel Torre del Remei é uma propriedade do século XIX, de apenas onze quartos, com lindos jardins. Pertence à rede Relais&Chateaux e seu restaurante gastronômico, onde jantamos nessa primeira noite, usa produtos locais e alguns cultivados lá mesmo. Foram os melhores cafés da manhã de toda a viagem.
No segundo dia, as opções foram mais longas: 42.3 km, 57.9 km e 84.4 km. Optei pela do meio, principalmente porque o percurso era cruzar os Pirineus e entrar na França. O roteiro pela área rural da Cerdanha previa uma subida de 7 km para alcançar a cidade de Cal de La Perche, na França, localizada a 1.600 metros. Antes de se alcançarmos essa cidade, cruzamos a de Llivia, enclave espanhol em território francês.
O almoço foi um piquenique em Cal Mateu, fazenda do século XVIII, localizada, em Sainte Leocadie, na França. Depois do almoço tivemos um tour guiado pela fazenda, que está convertida em museu e também uma pequena explanação histórica sobre a  Cerdanha.
Nessa noite o jantar foi no hotel e restaurante Can Borrel, na vila medieval de Meranges, localizada a 20 min. do nosso hotel. Boa dica para quem gosta de lugares charmosos e escondidos.
O terceiro dia foi o mais desafiador para aqueles que gostam de longas subidas. Não é o meu caso.

Os percursos, embora não tão longos (35.5 km, 51.1 km e 63.9 km), previam um subida de quase 19 km, por uma das mais altas estradas dos Pirineus, cruzando o parque de Coll de la Creuta (1.888 m), dos quais 13 km bem íngremes. Fiz a primeira parte, até a estação de esqui de La Molina, e usei a van de apoio para o final da subida. A boa notícia foi uma descida também de 19 km até o restaurante El Portal del Comte, logo à saída da vila medieval de Gombrem. Parte do percurso final da subida foi acima da linha das árvores, mas no trecho inicial e por quase toda a descida cruzamos florestas lindas.

O almoço foi composto de várias saladas, vegetais grelhados, tortilhas, croquetes etc… servido no que é chamado por lá de pica-pica, ou seja, os pratos são para o grupo e você se serve. Depois da refeição, realizada na varanda no restaurante, gastamos as calorias percorrendo 12 km até Ripoll, onde um ônibus nos aguardava para nos levar à cidade de Figueres, em catalão, e Figueras em espanhol, onde nasceu Salvador Dali e se localiza seu mais prestigiado museu. Dissemos, então, adeus aos Pirineus e boas vindas à Costa Brava.

 

Na região da Costa Brava há três museus Dali e na viagem pudemos conhecer dois deles. Se tiver mais tempo, não deixe de visitar o terceiro, Casa Museu Salvador Dali, em Port Lligat, próximo à Cadeques, charmosa vila de pescadores na divisa com a França, e sua outra grande atração: Cap de Creus. Esse museu só é visitado por oito pessoas por vez, a cada dez minutos. É recomendável reservar e checar os horários de abertura, que são diferentes dependendo do dia.
O Museu Teatro Dali, em Figueres, era chamado pelo artista de o maior objeto surrealista do mundo. O teatro, destruído durante a guerra civil espanhola, serviu de templo para a realização artística de Dali que o considerava o epicentro das suas alucinações. A visita vale até para quem não aprecia sua obra. Quem sabe conhecendo melhor não passe a gostar. Nós tivemos uma visita guiada que foi providenciada pela Backroads e eu sugiro que, se tiver oportunidade, faça o mesmo.

 

Nessa noite nos hospedamos numa fazenda do século XV, convertida em hotel: Mas Falgarona. O local é administrado pelos donos diretamente, Severine e Briggida, que são muito simpáticos e solícitos. Adoramos também a refeição que tivemos lá, com ingredientes frescos da região. A propriedade é muito próxima a Figueres (4 km) e me parece uma ótima opção de hospedagem, uma vez que na cidade não tem muito a ser visto além do Museu Dali e da Catedral, que fica ao lado.
No dia seguinte rumamos para mais próximo do mar. Os percursos de 51 km, 70.1 km ou 82.3 km nos levaram da alta Empordà para a baixa Empordà, conhecida como região das pequenas baías. O início do pedal foi por terrenos relativamente fáceis, por zonas rurais cheias de oliveiras, e nos levou a cruzar aldeias com pequenas igrejas barrocas e fortalezas.
Ainda pela manhã, passamos por Puból, onde se localiza a Casa Gala Dali, um verdadeiro tributo a mulher e musa do artista.
O almoço foi num restaurante embaixo do arcos da bela vila medieval de Monells, final dos 51 km iniciais, sem o adicional da subidas dos Anjos. Após o almoço optei por ir direto para o hotel de van para aproveitar o SPA.
O hotel Mas de Torrent, onde nos hospedamos nessa noite e na seguinte, também faz parte da rede Relais&Chateaux e se trata de uma fazenda do século XVII, convertida em hotel e tido como o mais luxuoso hotel de toda Costa Brava.
A parte social e alguns quartos se localizam na casa da antiga fazenda e tem decoração muito bonita de época. Em duas alas novas estão localizadas as suítes modernas com jardim privativo, sendo que em uma das alas o jardim conta com piscina privativa.
Ainda é possível desfrutar de duas piscinas, comuns a todos os hóspedes, uma externa e outra interna na área do SPA, que também possui uma sala de águas, com jacuzzi e banho gelado. A propriedade toda é muito bonita, com jardins impecáveis.
Nessa noite o jantar era por nossa conta na cidade murada de Pals, da qual do topo se avista o mar. A cidade é charmosa e, pela quantidade de lojinhas, deve ser bem agitada durante o verão. Os guias sugeriram os seguintes restaurantes: Vicus, Antic Casino, Pizzeria Giovanni Spinelli, Tapas bar Xarrup, El Pedro, El Mirador de Pals e El Far.
Escolhemos o Vicus, que apresenta uma comida espanhola moderna, mas sem invencionices. O local tem decoração acolhedora na primeira sala, onde sentamos, mas sem graça na outra. O serviço foi muito atencioso.
Hora de conhecer a costa!

No quinto dia, após pedalar 22 km e cruzar a passagem pelo massivo de Gavarre se avista a costa mediterrânea, que é alcançada depois de mais 9 km de uma boa descida.
Passamos pela praia de Torre Valentina, em Sant Antoni de Calonge, e continuamos pela costa até Calella de Palafrugell, nosso ponto de encontro para almoço, após 48 km. Essa refeição nesse dia era por nossa conta e escolhemos o terraço do El Baco de Calella, restaurante do Hotel Sant Roc, com espetacular vista da baia abaixo. Um dos melhores mexilhões que comi na vida. Infelizmente o arroz caldoso estava com gosto muito forte de mar.
Voltamos pedalando até o hotel, para completar o percurso médio que era de 67.2 km.
O último jantar do grupo, precedido de um coquetel no terraço foi no restaurante do hotel Mas de Torrent, que leva seu nome. Eu achei o coquetel ótimo e a comida do jantar ruim e pretensiosa. Pena, pois o tour tinha sido incrível.
Nessas viagens, sempre há oportunidade de se pedalar na manhã do sexto dia, antes do traslado para um ponto predefinido numa cidade, aeroporto ou estação de trem, por volta das 12:00, mas eu sempre passo esse programa e aproveito para dormir um pouco mais. Nessa viagem o transfer levou o grupo para Barcelona, mas como o meu destino era Girona, pedimos um traslado privativo para nós.
Tour Gastronômico
O planejamento dessa viagem teve início em novembro de 2012, quando comprei as passagens de avião por um preço bem camarada (executiva a USD 3.500 e econômica por USD 850) e consegui reserva para jantar no restaurante Cellar de Can Roca, então segundo melhor do mundo pela revista Restaurant.  Em 2013, tornou-se o primeiro, deixando o segundo lugar para o Noma.
Já tinha visto que a Backroads tinha roteiros pela Catalunha por aqueles dias, mas só reservei esse tour em meados de janeiro.
Eu adoro comer bem e principalmente experimentar novidades. A partir da reserva no Can Roca, decidi que parte dessa viagem seria dedicada à prestigiada culinária da região.
Foram três dias de farra gastronômica em restaurantes próximos a Girona e mais três noites em Barcelona. Total acumulado de dez estrelas Michelin. Isso pelo fato do 41 Grados, dos irmãos Adriá, não ser avaliado pelo guia, mereceria três.
Chegamos a Girona numa sexta-feira no final da manhã e depois de visitarmos os banhos árabes, a Catedral e a Basílica de São Felix, no centro histórico, almoçamos no Nu, que é classificado como Bibi Gourmand pelo guia Michelin. O restaurante tem ambientação moderna que combina com sua cozinha espanhola contemporânea de primeira, mas o serviço é confuso.

Eu já havia estado em Girona numa outra oportunidade e gostei de revisitá-la. A cidade conta com alguns atrativos e pode ser uma boa base também para conhecer a região do entorno, dos Pirineus à Costa Brava. Também é o aeroporto escolhido por várias companhias low cost para se chegar à Catalunha. Portanto, se for voar de alguma cidade européia para essa região, cheque esse aeroporto também, além do de Barcelona.

Ficamos duas noites hospedados no Hotel Nord 1901, um 4* bem localizado, mas que, apesar de se intitular de design, é bem básico. Acho que o hotel Ciutat de Girona que fica quase em frente e onde tinha me hospedado há 10 anos, continua sendo uma melhor opção, pelo menos pelo que pude constatar sobre a manutenção da recepção.

menu

O jantar dessa sexta-feira, dia 8.06, foi no esperado Cellar de Can Roca, uma orgia de 14 pratos e 14 vinhos para harmonizar, chamada menu feast. Eles oferecem esse menu, que são as novas criações, ou outro de 8 pratos, com os clássicos da casa.

Boa parte do jantar é dedicada a experimentos de texturas, sabores e apresentação. O serviço é impecável e o ambiente tem decoração contemporânea sem ostentação. Estava lotado. Adoramos, mas, apesar da posição de primeiro do mundo, não se destaca a meu ver dos dez primeiros.
No sábado, aproveitamos a manhã para caminhar pelos muros da cidade e pela parte da juderia. Almoçamos no Draps, também na parte histórica, que faz sucesso com locais e turistas e estava cheio. A cidade tem outras atrações e muitos parques que não vistamos  pois estávamos lá essencialmente para aproveitar os restaurantes.
menu primavera

Nessa noite, viajamos 50 km até Sant Pol del Mar, para jantar no Sant Pau, restaurante três estrelas da chef Carme Ruscalleda, que é a mulher detentora de mais estrelas Michelin. Somam-se as do Sant Pau, duas do restaurante Moments, em Barcelona, e duas pelo Sant Pau, de Tóquio.

Para mim foi a melhor refeição de toda viagem. Fiquei na fila de espera por seis meses e a reserva só foi confirmada dois dias antes, quando reconfirmam as já feitas. Se você não tem a minha paciência para isto, mas estiver por perto, tente mesmo que seja de última hora, pois no dia que estivemos lá duas reservas haviam sido canceladas no dia e haviam duas mesas disponíveis.

 

O restaurante fica em uma casa antiga a beira do mar. Tem um jardim incrível onde se pode tomar um aperitivo ou o café no final, tendo a vista do mar de um lado e da cozinha envidraçada do outro. O serviço atencioso e profissional é extremamente agradável e faz você apreciar todos os momentos do jantar. A comida é contemporânea, mas com fundamentos da cozinha catalã, menos experimental que a do Can Roca, e nada afetada. O menu primavera tinha acabado de ser inaugurado e era composto de 5 aperitivos, que mudam todo mês, 6 pratos, queijos e 2 sobremesas. Como meu marido tinha que dirigir na volta, eu pedi uma taça de cava, duas de vinho branco diferentes e uma de tinto.
O jantar e o vinho estavam excelentes. O café no jardim, acompanhado de vários petit fours e da conversa agradável de Juliano e Fernando, irmãos de Gonçalves, que trabalham na cozinha há um ano, e vieram nos cumprimentar, encerraram a noite com chave de ouro.
Domingo de manhã deixamos Girona para traz rumo a Saint Celoni, para provar a comida do Can Fabes, no almoço. O restaurante foi  fundado por Santi Santamaria, o primeiro chef espanhol a receber três estrelas Michelin e grande crítico da cozinha molecular criada por Ferran Adria. Santamaria faleceu no seu restaurante em Cingapura, em 2011 e, atualmente, o restaurante, que tem duas estrelas Michelin (perdeu uma em 2012), é tocado pela família e a cozinha fica a cargo do chef Jerome Bondaz.
Incrível imaginar que Saint Celoni, cidade sem qualquer atrativo turístico, tenha um restaurante dessa categoria. Localizado numa casa de 250 anos, tem decoração clássica e comida idem. Achei o serviço eficiente, mas mais cerimonioso que nos demais lugares. A comida também segue a linha clássica. Todos os pratos estavam bem preparados, mas confesso que só o cordeiro me impressionou.
A minha filha e a Ângela almoçaram no Elements, restaurante mais informal na mesma casa com entrada independente. Acho que vale muito mais a pena se estiver por lá.
Depois do almoço tardio, seguimos para Grannolers, pequena cidade nos arredores de Barcelona e muito próxima ao La Roca Village, outlet com boas marcas internacionais, onde passei a manhã da segunda-feira.
Grannolers também não tem atrativos turísticos, embora seja mais bonita que Saint Celoni, mas é uma ótima opção se não quiser chegar a Barcelona a noite ou se estiver nos seus planos visitar o mall. Tem um hotel muito legal, chamado Casa Fonda Europa. Esse lugar, que recebe hóspedes desde 1714,  tem, ainda, um restaurante excelente. Todo o hotel foi recentemente restaurado e os quartos com decoração estilosa são muito confortáveis. Eu tinha me hospedado lá, por acaso, há 10 anos, e adorei ver que tudo continua como dantes.Como pode perceber uma viagem não precisa ter toda ela a mesma cara. É sempre possível misturar programas muito diferentes e eu vivo fazendo isso. Quem disse que atividade esportiva não combina com boa gastronomia e programas culturais?

Não perca a continuação desta  postagem sobre Barcelona, na próxima semana.
By | 2015-11-11T17:51:29+00:00 junho 28th, 2013|Europa, Península Ibérica (Espanha, Portugal, Andorra)|2 Comments

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2 Comments

  1. […] País Basco. Dentre os 50 colocados, temos posts no blog sobre 11 deles: 2º El Celler de Can Roca http://www.maisqueviagem.blog.br/catalunha-dos-pirineus-a-…/ 4º Central, 13º Maido, 30º Astrid Y Gastón http://www.maisqueviagem.blog.br/lima-encanta/ 5º […]

  2. André 05/09/2013 at 23:37

    Adorie!

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