Rota do vinho na África do Sul

Por Jaqueline Furrier, Colaboração Mel Reis
Fotos de João Carlos de Gênova

Como comentado no post de fevereiro de 2015 sobre a Cidade do Cabo e arredores, além dessa cidade, estive com minha família por três dias na região vinícola de Franschhoek no Natal de 2014.

Embora visitar vinícolas possa parecer chato quando se está com crianças e adolescentes, acho que isso depende muito de como se apresenta os lugares para eles. O pessoal de casa adora uma boa mesa e, assim, não foi nada difícil de eles aproveitarem.

Victoria Falls (Zimbábue), Delta do Okavango (Botsuana) e a reserva privada Sabi Sandi (África do Sul), também visitados nessa viagem pelo continente africano serão tema das próximas postagens.

Como ir:

As principais regiões vinícolas da África do Sul (Constantia, Stellenbosh, Franschhoek e Paarl) ficam próximas à Cidade do Cabo e muitos optam por visitar uma única região em um bate e volta a partir dessa cidade.

Como meu marido e eu gostamos de vinho e gastronomia e era Natal, resolvemos passar ficar mais tempo na região e não nos arrependemos. Se estivéssemos com crianças maiores teria sido ainda mais proveitoso, pois há boas ofertas de caminhadas, passeios de bike e a cavalo e até kart, opções que não conseguimos conciliar em razão da idade da menor (6 anos). No fim deste post há um informativo com a relação das várias opções oferecidas.

Toda região é de fácil acesso de carro e as estradas são boas com um visual bacana em todo percurso. Optamos por ir até Franschhoek numa van com motorista e lá não é essencial estar com carro (veja em o que fazer).

A região de Constantia não foi incluída nesses 3 dias, pois já tínhamos por ela passado na volta do passeio pela Península do Cabo, quando visitamos a Groot Constantia, vinícola mais antiga da África do Sul. De tão perto que é da Cidade do Cabo, lá voltamos para jantar no delicioso La Colombe.

Hospedagem:

As regiões vinícolas oferecem hotéis de todas as categorias e para todos os bolsos. Os mais sofisticados cobram valores próximos aos da mesma categoria na Cidade do Cabo, mas mesmo assim os preços são bem razoáveis.

Fiquei impressionada com a qualidade dos hotéis e restaurantes da região. Escolhemos um 5*, receosos por não conhecer o padrão local, mas pude ver in loco que a maioria dos 4* são excelentes também.

Nós ficamos hospedados no The Last World, um hotel boutique na rua principal de Franschhoek. O hotel tem uma entrada discreta, mas os quartos são enormes, muito bem decorados, com conforto para os dias de inverno e de verão. Não tem restaurante, mas serve um café da manhã excelente, para mim o melhor de toda viagem.

Franscchoek é cidade pequena e a maioria dos hotéis e restaurantes e, lógico, lojinhas se concentram numa única rua. Pode-se ir a todos os locais a pé.

 

Outras opções de hotéis na rua central ou numa de suas travessas são: Le Quartier Français e o Akademie (5*), Auberge Clermont, Residence Klein Oliphants Hoek, Rusthof Country House e La Residence Street Guest House (4*).

Há ainda, opções incríveis nas vinícolas como o Grande Provence, Franschhoek Manor e o Mont Rochelle Hotel & Vineyard, apontado na última edição da Condè Nast Traveler como um dos novos melhores hotéis do mundo “for food“. 

No centro de Stellenbosh visitei a área comum do hotel Oude Werf Hotel (4*) e achei bem mais legal do que a do Coopmanhuijs Boutique Hotel & Spa (5). Nas vinícolas, vale checar o Delaire Graff, que pertence à rede Relais & Chateaux.

Não visitei Paarl, mas estive num evento da Teresa Perez e fiquei encantada com a apresentação do Farm Hotel e seu restaurante Babel. Aliás, a apresentação da agência foi impecável e demonstrou que têm muio conhecimento da região. Recomento! Fui sorteada neste evento com uma viagem para me hospedar nesse hotel e num lodge, então logo logo, escreverei aqui sobre eles. Lá também há um representante do Small Luxury Hotel, o Grande Roche Hotel.

Onde comer

A lista de restaurantes gourmets na região é enorme. Eu fiquei surpresa com o número de lugares que, além de bonitos e agradáveis (alguns sofisticados, mas sem ostentação), servem comida excelente. 

Os informativos abaixo listam, além dos restaurantes em Franschhoek e Stellenbosh, os locais que oferecem piqueniques, kids menu, galerias, museus e lojinhas.  Para ampliá-los é só clicar nas imagens:

Tivemos três almoços e três jantares na região, inclusive os dos dias 24 e 25 de dezembro e todos foram deliciosos, dois deles memoráveis.

O preço é outro quesito que surpreende positivamente.

Almoços

Delaire Graff: situado na vinícola de mesmo nome em Stellembosh é um lugar espetacular para almoço, principalmente quando o tempo permite que se sente na área externa. O premiado chef, Michael Deg, apresenta uma cozinha sazonal, que ele chama de bistrô chique, preparada com ingredientes locais. A propriedade ainda conta com um restaurante de influência asiática chamado Indochine.

Essa é uma propriedade na qual se pode passar um dia inteiro, explorando suas obras de artes, joalheria ou degustando seus vinhos antes ou depois de uma refeição.

The Restaurant at Grande Provence: está localizado na vinícola do mesmo nome, onde também há um hotel e uma galeria de arte. A propriedade tem mais de 300 anos e já recebeu reis e dignitários de muitos países.

O restaurante, próximo ao bar onde se faz as degustações, tem um ambiente interno bem sofisticado e mesas no jardim que deixam o ambiente mais relax, principalmente no horário do almoço. Imagino que no jantar, a área externa traga um clima romântico ao local. A propriedade toda é linda e convidativa, passamos umas três horas no local, mas poderíamos passar o dia todo por lá.

A refeição que fizemos foi leve, mas tudo estava muito bom. Eles ainda oferecem, no verão, um piquenique para ser saboreado embaixo das árvores do jardim cheio de esculturas.

The kitchen at Maison: almoço de Natal inesquecível! Um daqueles locais nos quais não se tem vontade que a refeição acabe. No dia 25.12 foi servido um menu de 10 pratos e tudo estava delicioso. A apresentação, sobre tábuas, para compartilhar sem dúvida trouxe charme à experiência. Mesmo a garoa do dia não atrapalhou o visual que traz vinhedos e montanhas no horizonte.

O ambiente clean e contemporâneo, assim como a cozinha com influência asiática no menu a la carte (não disponível na data que fomos), não intimidam. O serviço também estava impecável. No local ainda se pode adquirir, além de vinhos, alguns produtos (compotas, frios e antepastos) feitos lá. Considero imperdível.

Jantares

The Tasting Room: localizado no hotel Le Quartier Français, tem a frente a chef Margot Janse, ganhadora de vários prêmios nacionais e internacionais. O local foi o escolhido para nosso jantar no dia 24 de dezembro. Na verdade, demos sorte, pois a reserva só foi confirmada no dia 18, depois de meses na lista de espera.

O restaurante dá prioridade para os hóspedes do hotel e só disponibilizam as mesas para os não hóspedes um mês antes da data escolhida. Insista porque cada centavo vale a pena. Aliás, achei até mesmo barato, pois o menu de 8 pratos custou aproximadamente R$ 210,00 (reais mesmo) e o acompanhamento de 8 vinhos por volta de USD 30. Para as crianças menores foi apresentado um menu de 5 pratos (os mesmos do menu principal), por R$ 150,00.

O restaurante somente trabalha com menu degustação de 8 pratos e só abre para jantar de terça-feira a sábado. O servido no dia 24 era o mesmo que estava em curso na temporada e cada um dos 8 pratos estava sensacional. Fazia tempo que não ia em um restaurante e me surpreendia e foi o que ocorreu com os pratos de inspiração africana experimentados naquela noite.

O ambiente é bonito, mas não rouba a cena dos pratos, atores principais do espetáculo. Telefone celular também não é permitido.

Consta no site:

“We do not have a dress code, you dress for the experience you want to have.

We are a mobile free zone, for your enjoyment and diners around you.

We have kicked the habit – we are now totally non-smoking inside and outside.

We have a dedicated smoking section on our front terrace.”

Outro ponto alto é o serviço atento, cordial e em nada afetado. Se aprecia uma boa mesa, não deixe de ir.

Le Bon Vivant: bistrô francês, estabelecido há 15 anos por um experiente chef holandês, Pierre Hendriks, serve um menu a la carte, muito bem preparado (foi o que pedimos) e promete um menu do chef de 5 pratos da escolha dele e com algumas surpresas. Achei os pratos muito bons e o serviço muito gentil.

Reuben’sfamoso entre locais e turistas, o restaurante é descolado e nada pretensioso. O menu é variado, mas mesmo sem ser extenso mostra a dimensão da cozinha do chef malayo que trabalhou mundo afora e voltou para casa para abrir essa casa. O serviço é simpático e eficiente. É um must local. Fomos no jantar, mas me parece ideal também para um almoço na rua principal.

O que visitamos

Como Stellenbosh fica no caminho para Franschhoek, saímos por volta das 8h00 de Cape Town e às 9:00 já estávamos em um dos charmosos cafés no centro da cidade para tomarmos café da manhã. As ruas centrais, onde ficam os hotéis acima citados, são totalmente voltadas para o turismo, repletas de restaurantes, cafés e lojinhas. Vale dar uma volta.

Stellenbosh é a segunda cidade mais antiga a África do Sul e abriga uma universidade importante, umas das poucas onde as aulas ainda são em Africaner. Por conta disso, programamos um walking tour para conhecermos melhor a história e arquitetura da cidade.

A região do vale de Franschhoek é considerada o coração vinícola e gourmet do país.

A cidade recebeu esse nome devido a colonização francesa iniciada por franceses protestantes que, há mais de 300, fugiram para Holanda e de lá para uma pequena colônia desse país na parte mais ao sul da África, The Cape.

DIA 1 – Walking Tour

O programa “Stellenbosh on foot” foi reservado por email, rhea@stellenbosh360.co.za, com a agência Stellenbosh 360, e custou R100, por pessoa (minha filha de 6 anos não pagou).

O percurso de mais ou menos 1km, dura 90 min e percorre as ruas centrais com várias paradas para visitar construções históricas. A guia, Sandra Krige (hkrige@iafrica.com), que nos acompanhou era uma senhora de que vive na cidade há muitos e muitos anos e foi muito simpática. Recomendo!

Depois do tour, visitamos algumas casas museus, que mostram como os habitantes viviam em diferentes épocas (duas são visitadas no walking tour e visitamos mais duas por nossa conta), fizemos umas comprinhas e seguimos para almoçar na vinícola Dellaire Graff, citada acima.

Depois do almoço, seguimos para Franschhoek, onde chegamos por volta das 18:00. Era dia 24 de dezembro e nos preparamos para o jantar, que foi no The Tasting Room, também acima citado.

DIA 2 – Natal

Por ser dia 25 de dezembro, a maioria do comércio que se concentra na rua principal da cidade estava fechada e não havia também programas turísticos para serem feitos neste dia.

Seria um dia ideal para praticar as atividades que propomos abaixo, mas por conta da festa natalina, somente descansamos, depois de visitarmos algumas das poucas lojinhas abertas. Demos sorte, pois foi o único dia da viagem em que choveu, então o programa acabou sendo um dia de comilança, ou melhor, experiência gastronômica de primeira: acordamos tarde, apreciamos sem pressa o excelente café da manhã do hotel, almoçamos no La Mission às 15:00 e jantamos no Le Bon Vivant às 21:00.

DIA 3

Esse dia foi dedicado às vinícolas. Como estávamos sem carro (não nos fez falta), optamos pelo Franschhoek Wine Tram, que nada mais é do que uma mistura de trenzinho e um ônibus travestido de trem que percorre as vinícolas.

São duas linhas e, embora o esquema seja de hop on hop off só é possível subir e descer 3 vezes.

As duas linhas (azul e vermelha) partem do centro da cidade entre 10:00 (azul) e 10:30 (vermelha).

Veja timetable:

Ambas as linhas oferecem sete vinícolas para serem visitadas, sendo que a maioria delas oferece restaurantes (4 na azul e 6 na vermelha), além de atrações adicionais como queijos, azeites e chocolate pairings, playground, delis etc…

Veja opções:

Pelo que percebi, as três paradas que oferecem são na verdade o que dá tempo de fazer num programa de dia todo. Pegamos o primeiro horário do Tram da linha vermelha (10:30), seguimos até Rickety Bridge, onde descemos e fizemos uma degustação, enquanto as crianças brincavam no playground. Ficamos uma hora por lá.

Depois, seguimos no Tram das 12:05 para a Grande Provence, local do nosso almoço. Por lá ficamos por quase 3 horas. Fizemos uma degustação, visitamos a galeria de arte e depois almoçamos (as crianças aproveitaram os jardins cheios de esculturas). Depois do almoço, pegamos o Tram da 13:13, fizemos a troca pelo Tram-bus e seguimos até a Dieu Donné, nosso último stop.

Esse trajeto, entre as vinícolas Grande Provence e Dieu Donníé, leva quase uma hora e passa por outras quatro vinícolas. Não paramos, mas deu para notar que todas são muito bem equipadas.

O trajeto é lindo e a Dieu Donné fica no alto de uma montanha com um visual incrível do vale. Nem de longe é a melhor ou a propriedade mais bonita, mas degustar qualquer vinho com aquela vista vale a viagem. Pegamos o último Tram-bus (17:08) de volta para a cidade. O dia foi muito legal e mesmo as crianças não se entediaram, pois curtiram o Tram e as brincadeiras ao ar livre nas vinícolas.

O que e onde comprar

Pode-se comprar vinhos e outros artigos gourmets em quase todas as vinícolas.

Na cidade há duas lojas de vinhos, algumas galerias de arte e joalherias, mas como sabem compras não são meu forte.

A única loja imperdível que encontrei foi a ANPA, que vende joias de ouro e prata e carteiras e bolsas de peles de crocodilo, cobra e avestruz com design moderno e excelente qualidade. Não espere pechincha, contudo.

 

franschhoek-1
Foto retirada do site: 
http://www.anpa.co.za/location.html

Mais sugestões sobre o que fazer

Em Stellenbosh e Franschooek há uma infinidade de programas e festivais, como mencionado acima. Então, para quem tiver mais tempo e quiser diversificar os passeios, seguem mais opções:

Stellenbosh (info@wineroute.co.za ):

By | 2016-09-25T09:02:59+00:00 maio 1st, 2015|África|3 Comments

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  1. […] no Natal e Réveillon de 2014/2015, em continuação aos que já publicamos sobre Cidade do Cabo, Rota do vinho na África do Sul, Zimbábue e […]

  2. […] já informado nos posts Cidade do Cabo, Rota do vinho na África do Sul e Zimbábue, a viagem de 16 dias foi realizada em família, filhos e enteados de 6,11,15 e 18, no […]

  3. […] continuação aos posts anteriores (Cidade do Cabo e a Região Vinícola), sobre minha viagem em família no Natal e Réveillon de 2014/2015, vou contar um pouco como foi […]

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